Dia 1 como deputado. Pedro Nuno continua, "neste momento", ao lado de Costa
Pedro Nuno Santos voltou, esta terça-feira, ao lugar de deputado. Em dia de entrega do relatório da comissão de inquérito (CPI) da TAP, foram os beijos e 'selfies' do ex-ministro que centraram atenções. Estará a chegar o tempo em que Costa põe "os papéis para a reforma"? Pedro Nuno garante - "neste momento" - que não.
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Tal como fez na sua audição na CPI, a 15 de junho, o ex-ministro das Infraestruturas quis deixar claro, no regresso à bancada parlamentar do PS, que não é "candidato a nada". Mas, agora, houve uma nuance: este novo anúncio foi precedido das palavras "neste momento", que Pedro Nuno não tinha usado na CPI.
Para já, ainda assim, o antigo governante fez questão de mostrar que está alinhado com António Costa: o Governo encontra-se "muito bem entregue" e ele próprio será "um deputado que apoia o Governo", frisou.
Desde que deixou o Executivo, em dezembro – por vontade própria, como fez questão de sublinhar na CPI -, Pedro Nuno Santos esteve seis meses com o mandato de deputado suspenso, a seu pedido. Esta terça-feira, o seu regresso ao hemiciclo foi acompanhado pelos jornalistas quase como se de uma "popstar" se tratasse – e o ex-ministro não parece desgostar. Mesmo na bancada socialista Pedro Nuno parece ter um estatuto semelhante a esse, como mostra a 'selfie' tirada com o seu colega Hugo Oliveira, também eleito por Aveiro.
Pedro Nuno – que esteve sentado ao lado de Alexandra Leitão, uma das suas maiores apoiantes no PS - não precisou de intervir em plenário para ter os holofotes centrados em si. Seis anos depois de António Costa ter avisado, num congresso do partido, que ainda não tinha intenções de meter "os papéis para a reforma", o seu ex-ministro continua a ser tão ou mais aclamado internamente do que nessa altura. E, por muito que isso possa, eventualmente, desagradar ao atual líder do PS, a dúvida já não parece ser se Pedro Nuno será o seu sucessor, mas sim se essa sucessão ocorrerá em 2024 ou 2026.
Habitação indigna em Portugal, sanções à população em França
A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, revelou que há, em Portugal, pelo menos 77 mil famílias a viver em condições indignas. Tendo em conta que, segundo a Pordata, os agregados familiares do país são compostos, em média, por 2,5 pessoas, conclui-se que haverá quase 200 mil pessoas com condições degradantes de habitação – praticamente o número de habitantes de Braga.
A estes há que juntar os que vivem em casas que, embora não sejam consideradas indignas segundo os critérios utilizados, também oferecem poucas ou nenhumas condições para que lá viva gente. A crise da habitação é um dos grandes dramas da sociedade atual. Não é possível não lhe dar resposta cabal e, ao mesmo tempo, continuar a exigir a quem trabalha que não adira a certos cantos das sereias.
Em França, Emmanuel Macron propõe punir financeiramente os pais de jovens desordeiros. É certo que a onda de violência que continua a varrer o país tem causas que não cabem num parágrafo, mas não deixa de ser curioso que a resposta da República seja apertar ainda mais o garrote a famílias que, em muitos casos, já são punidas pelas próprias contingências da vida. Sobretudo quando Macron já venceu duas eleições apresentando-se como o defensor da democracia e do humanismo contra o extremismo anti-civilizacional de terceiros. Em tempo de crise, o liberalismo troca o rosto humano pelo bastão?