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O futuro político de França e Alemanha não está para brincadeiras. No Barroso luta-se contra a exploração do lítio. O rastilho acendido no CCB não se apagará tão cedo. Presentes de Natal à escala humana e local. E um presente em forma de liderança de audiências.
Lembram-se daquela sensação, seguramente assente em alicerces enviesados mas partilhada por muitos, de otimismo no futuro coletivo? Quando é que esse filme terminou? Terá sido com a Grande Recessão de 2007, que introduziu a ideia de vivermos num inexorável encadeamento de crises (económicas, políticas, sociais, tecnológicas, climáticas) em que perdermos por poucos já é bom? Num tempo de regresso ao feudalismo e à concentração hiperbólica da riqueza, desta vez com banho tomado e ecrãs táteis, os extremos do espetro político, em especial à direita, berram e vão conquistando terreno. É um vírus que ainda mata pouco mas vai moendo. E o coração da Europa está cada vez mais em risco, com as crises políticas que ameaçam os motores alemão e francês. Em entrevista ao JN, José Palmeira, professor de Relações Internacionais da Universidade do Minho, adverte que “as crises na Alemanha e na França poderão ter um efeito de contágio. Ainda por cima, havendo eleições nestes países, poderá dar-se um crescimento de partidos extremos, quer à Esquerda, quer à Direita, e a UE foi construída na base de partidos moderados”.
Ainda no domínio da inexorabilidade, a Assembleia da República recebeu, esta quarta-feira, representantes de duas associações da zona do Barroso, em Trás-os-Montes, que se opõem a projetos de exploração de lítio em Montalegre e Boticas pela Savannah Resources. Na Comissão de Ambiente, Vítor Afonso, representante de Montalegre, foi claro: “Não queremos hipotecar o nosso futuro em prol de uma atividade destruidora e cuja visão é a muito curto prazo. Relembramos que a maioria das explorações mineiras visam laborar, no melhor dos casos, dez a 15 anos. Recusamos que a nossa região seja sacrificada no altar de um desenvolvimento nocivo e não concertado com a população local”.
Continuemos na Casa da Democracia, onde esta manhã foi ouvida Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, em audição parlamentar, a propósito da recente exoneração da presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Francisca Carneiro Fernandes. Na audição, a ministra afirmou que "houve um assalto ao CCB inadmissível feito pelo ex-ministro Pedro Adão e Silva. Podem fazer cartas abertas, petições, eu própria quando fui exonerada do Museu Nacional de Arte Antiga, em 2007, tive manifestações à porta. E lamento que os trabalhadores do CCB não tenham sido solidários com as duas trabalhadoras dispensadas do CCB para que viesse Aida Tavares [diretora de artes performativas]". Pedro Adão e Silva reagiu, dizendo esperar ser chamado à Assembleia da República "o mais rapidamente possível" para rebater as acusações da atual ministra. A seu ver, Dalila Rodrigues "tem tido como únicas formas de afirmação exonerar dirigentes, desmantelar o trabalho feito e, agora, lançar injúrias graves".
Na Evasões, a maré é de revelação de sugestões de presentes de Natal, todas pensadas e feitas em Portugal, a uma escala humana. Há roupa com lãs de ovelhas de raças autóctones portuguesas, um livro que celebra os vinhos do Pico, um kit de kintsugi que permite colar cacos com imaginação, sidra produzida na Madeira, e o resto da semana revelará mais propostas a anotar e embrulhar.
O otimismo, esse, às vezes encontra-se dentro de casa. Em novembro, o Jornal de Notícias liderou a informação digital, sendo o jornal online mais lido em Portugal. Foram 2.641.723 leitores, 30,7% do total, de acordo com o Ranking netAudience, a ferramenta referência de medição de "reach" (alcance) na Internet. Obrigado pela preferência.