Os 20 frenéticos dias que Donald Trump já passou à frente da Casa Branca no segundo mandato presidencial estão a deixar a economia mundial num caminho incerto que pode ter repercussões catastróficas para os Estados Unidos e seus aliados. Esta segunda-feira prometeu tarifas para todos.
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Há dias, um conhecido marqueteiro da nossa praça dizia que só estamos descansados quando Donald Trump está a dormir. Tal como uma criança com um brinquedo novo, o presidente dos Estados Unidos parece esforçar-se, todos os dias, para brincar à economia numa escala mundial.
Depois de avançar e recuar com tarifas alfandegárias ao Canadá e México, de prometer comprar território da Dinamarca e de chacinar a ajuda humanitária mundial, vêm agora novas tarifas ao aço e alumínio e a intenção de comprar a Faixa de Gaza.
Leu bem. Donald Trump diz que os Estados Unidos vão comprar a Faixa de Gaza, que está em guerra há décadas, para a limpar e transformar num grande projeto imobiliário. Nesta ideia surrealista, afirma ainda que não deixará que os palestinianos lá regressem porque estes “vão ter muito melhores habitações”.
Os anúncios excêntricos multiplicam-se numa altura em que o acordo de cessar-fogo entre o Hamas e Israel começa a dar sinais de ruir e ninguém no Mundo parece perceber qual é a intenção do presidente dos Estados Unidos em avançar com soluções controversas que nem aos seus aliados agradam. Não há dúvidas, contudo, que a hipótese de Donald Trump estar a falar a sério é real, dada a velocidade com que assina decretos pejados de insanidade.
Por exemplo, no mesmo voo em que prometeu comprar Gaza, Donald Trump anunciou que vai criar uma taxa adicional de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio do mundo. O objetivo é que as empresas mundiais passem a ter sede nos Estados Unidos para evitarem as taxas. Porém, o líder da maior economia do planeta parece não ter noções económicas básicas pois, se as empresas não mudarem de sede, são os norteamericanos que vão sofrer em primeira instância com a imprevisível escalada de preços. E, como vimos recentemente, isso resulta na subida dos juros para travar a inflação que resultará na retração do consumo e da economia mundial.
Por cá, não menos insólita é a prescrição da multa de 225 milhões de euros aplicada ao “cartel da banca”. No fundo, 11 bancos foram denunciados pelo Barclays de que estavam a combinar preços para prejudicar os contribuintes nos créditos à habitação, ao consumo e às empresas. Foram multados pela Autoridade da Concorrência.
Os bancos recorreram para tribunal e viram confirmada a condenação em primeira instância, mas recorreram novamente e a multa prescreveu. Entre os bancos estão a Caixa, o Santander, o BCP, o BPI, o Montepio e o BES, tão lestos em anunciar créditos fáceis e rápidos na televisão, mas em absoluto silêncio face à prática ocorrida entre 2002 e 2013, ou face a possíveis formas de indemnizar quem, naqueles anos, recorreu aos serviços de crédito.
No âmbito desportivo, esta segunda-feira foi o dia em que Pinto da Costa quebrou o silêncio sobre a auditoria encomendada pelo presidente do F.C. Porto, André Villas-Boas. Destaque ainda para Rosa Mota que corre a maratona da sua vida depois de ter sido operada ao coração. O que se espera é que termine como todas as outras: com uma retumbante vitória da atleta que foi considerada a melhor maratonista da história.