O Governo parece precisar de uma das famosas latas de espinafres do infame Popeye para a quantidade de braços de ferro que tem travado, nas últimas semanas, nas áreas da educação e da saúde. Nas notícias do dia não estamos num bom país, para se adoecer, nascer ou mesmo para ser educado.
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Esta sexta-feira, a maioria das escolas do país fecharam, com uma adesão à greve a superar os 80%, segundo os dados revelados pelos sindicatos. A plataforma de nove organizações sindicais que convocou a greve nacional de professores e educadores estima que a adesão tenha resultado no encerramento de cerca de 90% das escolas.
Ora esta greve pode juntar-se à de segunda-feira, dos trabalhadores não docentes das escolas, levando, como atiravam vários pais, os estudantes para uma pausa lectiva inesperada já que juntando o feriado do 5 de outubro ficarão de quarta até terça sem atividades. O braço de ferro entre o Governo e os professores promete intensificar-se durante o debate da proposta de Orçamento do Estado para 2024.
Em causa está a recuperação do tempo de serviço que esteve congelado (6 anos, 6 meses e 23 dias), a principal reivindicação que alimentou um ano de protestos e ameaça voltar a fazê-lo este ano letivo, para desespero das associações de pais.
Na saúde, o Governo também não parece ter tréguas. A Guarda não será um bom local para nascer até domingo, com a obstetrícia encerrada por falta de médicos na escala, Mirandela não tem cirurgia geral e Matosinhos não tem cirurgia geral, nem urgência de sexta a domingo, até ao final do mês. Mas não se pense que os problemas se verificam apenas em cidades mais pequenas. Também o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, fez uma importante declaração limitando o número de doentes que vai atender.
Na cultura, as cadeiras continuam a rodar. Depois de ter sido anunciada a saída de Pedro Sobrado da Presidência do Conselho de administração do Teatro Nacional São João (TNSJ) (que lhe dedicou esta semana uma emotiva nota) para Presidente do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E., que terá sede em Lisboa, esta sexta-feira foi anunciada a entrada da sua antecessora no TNSJ, Francisca Carneiro Fernandes, como nova presidente do Conselho de Administração do Centro Cultural de Belém.
Será a primeira mulher em 30 anos, a ocupar este cargo. No dia em que foi conhecido o Nobel da Paz, atribuído a Narges Mohammadi, pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão, em Portugal foi assassinada mais uma mulher.