
Rui Manuel Fonseca
Augusto Canário celebra 25 anos de carreira, deu um concerto com mais de 200 músicos no Centro Cultural de Viana do Castelo. Tem 31 álbuns editados, nove dos quais ao vivo.
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“A concertina é o instrumento que utilizo para compor as minhas cantigas e que faz parte da minha vida. Aprendi a tocar em 1984, já tinha 24 anos e duas filhas. Na altura, era um instrumento utilizado para cantar à desgarrada, ao desafio, que estava em desuso. No início dos anos 90, comecei a utilizá-lo para ensinar outras pessoas a aprender a tocar de uma forma mais ou menos organizada (não ensino ninguém a tocar, ensino a aprender a tocar). A partir daí, tornou-se uma espécie de segunda pele, mais um elemento do meu corpo. De 1992 para cá foi sempre a subir o número de pessoas e jovens a tocar concertina, os grupos de baile acabaram por incluí-la na parte da orquestra. Hoje é um instrumento indissociável da música popular, que chegou à diáspora, há mais jovens que foram atrás da matriz cultural dos seus pais e avós, que criaram grupos no estrangeiro, que não só tocam as nossas modinhas, como cantam em português. É um elemento aglutinador. No início do século teve um novo fôlego, temos jovens artistas a construírem instrumentos de alta categoria. É uma parte importante das cantigas. Já fui assaltado duas vezes e as duas apareceram. Uma foi roubada na Maia e apareceu num lixo que ia para triturar. Outra em Fão, em novembro, e apareceu no dia de Natal. Como são personalizadas, são difíceis de vender. Tenho uma coleção de mais de 50.”
Cantor e compositor de música popular
65 anos
