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No estrangeiro, abundam relatos de situações em que estes aparelhos (que podem ser comprados na Internet por meia dúzia de tostões) serviram para gravar pessoas a despirem-se, a tomar banho, a ter relações sexuais. Em casas alugadas, sobretudo. Em Portugal, as notícias sobre estes casos contam-se pelos dedos de uma mão. E os dados das autoridades são pouco esclarecedores. Mas há quem garanta que o problema está bem presente e aponte o dedo a um "silêncio perturbador".
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À primeira vista, não passava de uma chave de um carro pousada na cómoda do quarto. Era tão discreta que as várias mulheres que por ali terão passado, no contexto de encontros romântico-sexuais, nunca deram por ela. A ponta do véu começaria, porém, a ser destapada ali ao lado, no quarto de um dos filhos do dono da casa, onde a namorada do rapaz foi descobrir uma câmara escondida na parede. O adolescente terá depois falado com o irmão, que, imagine-se, também desencantou uma câmara escondida no quarto dele. Ao todo, perceberiam depois, havia afinal quatro câmaras ligadas a um sistema, que, além de permitir visualizações remotas, incluía armazenamento local. O caso, que envolve um empresário de 52 anos, residente em Coimbra, está agora a ser julgado no Tribunal Coletivo de Coimbra, conforme noticiou a imprensa local. O Ministério Público imputa ao arguido oito crimes de devassa da vida privada e oito de gravações ilícitas, todos referentes aos encontros sexuais que manteve com várias mulheres - e que gravou sem que elas o tivessem consentido (na verdade, nem sequer fariam ideia de que estavam a ser filmadas). Ainda segundo o Ministério Público, o arguido começava as gravações ainda antes de as visadas chegarem, para que não se apercebessem de nada, e depois, quando elas se ausentavam, tratava de parar a gravação e guardar os vídeos no computador.

