Lançou uma pequena startup que vendeu por milhões à poderosa Microsoft. Fez rádio, foi secretário de Estado, deu a volta ao Mundo com a família. Vai comandar o novo capítulo da história da TAP.
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Em 2011, com apenas 33 anos, Carlos Oliveira foi dos mais jovens membros do XIX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho (PSD/CDS-PP). Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, tentou que um país mergulhado numa profunda crise financeira e debaixo da pesada intervenção externa da troika apostasse na inovação e na produção própria. Não terminou a legislatura, deixando o cargo em janeiro de 2013 com “um conjunto de reformas sem precedentes”, como resumiu sem modéstia. Logo a seguir juntou-se à mulher e à filha numa viagem à volta ao Mundo que durou praticamente 12 meses, durante a qual escalou os mais de 5000 metros do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia.
“É alguém de um dinamismo invulgar”, classifica à “Notícias Magazine” Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga e amigo pessoal do agora designado presidente do Conselho de Administração da TAP, a quem em 2014 convidou para comandar a InvestBraga, aquela que foi a primeira agência da cidade direcionada em exclusivo para a dinamização do setor económico. “Falávamos praticamente todos os dias e tinha sempre algo de novo a apresentar”, recorda o autarca.
Licenciado em Engenharia de Sistemas e Ciência Computacional pela Universidade do Minho (UMinho) e com uma especialização em Gestão para Executivos em Telecomunicações e Tecnologias de Informação pela Católica, Carlos Oliveira foi presidente do Centro de Estudantes de Informática da UMinho e apresentou um programa sobre tecnologia na Rádio Universitária. Numa das emissões, conseguiu convencer o então ministro da Ciência, Mariano Gago, a dar-lhe uma entrevista em exclusivo. “Consegue atingir objetivos em menos tempo do que os outros. Tem uma capacidade fora do normal de estar sempre no topo do conhecimento”, elogia Carlos Silva, atual administrador da InvestBraga.
Com pouco mais do que 20 anos e apenas cinco mil euros de capital inicial, Carlos Oliveira criou a MobiComp, startup de soluções de mobilidade que, em 2009, vendeu por um valor astronómico à poderosa Microsoft. Fechado o acordo daquela que foi a maior aposta de sempre da empresa de Bill Gates em Portugal, juntou os amigos próximos numa festa para celebrar o feito.
Os valores do meganegócio nunca foram oficialmente revelados, mas várias notícias deram conta de que se terá situado na ordem dos 50 milhões de euros, o que nunca foi desmentido por qualquer das partes envolvidas. Na altura, a MobiComp faturava cerca de três milhões de euros por ano, tinha escritórios em vários países e o seu fundador tinha sido agraciado com a Ordem de Mérito pelo presidente da República Jorge Sampaio. “Para ele, não há impossíveis”, acrescenta Carlos Silva.
Casado com uma ex-bancária, que largou tudo para trabalhar ao seu lado, e pai de uma filha de 15 anos, Carlos Oliveira nunca abandonou as raízes minhotas. Nasceu, cresceu, estudou e fez boa parte da vida profissional em Braga, teve breves passagens por Lisboa, mas é sempre à sua região que regressa como casa. Vive agora na Apúlia, no concelho de Esposende, a 30 minutos de Braga, e sempre que pode dedica-se a atividades aquáticas no mar, a sua grande paixão desde sempre.
Após a passagem pelo Executivo de Pedro Passos Coelho, integrou a equipa de 15 conselheiros de Carlos Moedas quando o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa era comissário europeu para a Investigação, Inovação e Ciência. Do mesmo grupo restrito fazia parte o irlandês Paddy Cosgrave, diretor executivo da Web Summit.
Desde novembro, Carlos Oliveira encontra-se à frente do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), órgão consultivo do Governo. “É extremamente pragmático. Congrega diferentes opiniões e consegue tirar o melhor das pessoas”, conta Adélio Mendes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e também membro do CNCTI.
Também se foi aventurando em novas empresas, como a Skyuber, uma aplicação para passageiros conseguirem bilhetes para rotas de curta distância a preços convidativos.“Um serviço de reservas que conecta pilotos com assentos vazios a pessoas que querem voar”, conforme definiu à BBC, que se deslocou propositadamente a Portugal para experimentar a novidade. O novo desafio no campo do transporte aéreo tem agora outra escala, chama-se TAP. A expectativa é perceber como será executado o anunciado processo de privatização de 49,9% da companhia de bandeira.
Carlos Oliveira
Cargo Presidente do Conselho de Administração da TAP
Nascimento 07/03/1977 (48 anos)
Nacionalidade Portuguesa (Braga)