BRAVE-WOW envolve entidades de quatro países e conta com mais de dois milhões de euros da Comissão Europeia.
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Organizações de quatro países uniram-se para procurar soluções que ajudem a prevenir e combater a violência de género no trabalho, contribuindo para uma sociedade menos discriminatória. O projeto Building Respectful and Violence-free Gender-inclusive Environments in the World of Work (BRAVE-WOW), liderado pela Universidade de Coimbra (UC), decorre até outubro de 2027 e conta com um financiamento de cerca de 2,3 milhões de euros, atribuído pelo programa Citizens, Equality, Rights and Values, da Comissão Europeia. Junta 19 parceiros, entre universidades, instituições publicas, organizações sindicais e entidades empregadoras, de Portugal, Espanha, Itália e Eslovénia.
Leonor Pais, a docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC que coordena o BRAVE-WOW, já se tinha debruçado sobre o tema do trabalho digno quando avançou para este projeto. Ela e os restantes investigadores vão agora focar-se na violência de género no trabalho em organizações do setor da saúde (como hospitais e unidades de cuidados primários) dos quatro países envolvidos. Trata-se de “uma das áreas profissionais mais expostas à violência de género no trabalho”, explica a coordenadora, avançando que o projeto vai olhar para “grupos particularmente vulneráveis à violência e assédio – mulheres, sejam trabalhadoras migrantes, jovens ou pessoas LGBTQI+”. Leonor Pais acredita que a equipa tem um conhecimento próximo da realidade, mas admite que, quando for levantado “o véu”, pode haver “surpresas”, pois “muitas vezes as formas de violência estão encapotadas, misturam-se com outras realidades e são pouco reportadas”.
Os investigadores vão recolher dados através de grupos focais, entrevistas e mesas-redondas, usar ferramentas de inteligência artificial para analisar redes sociais e aplicar estudos-piloto.
Espera-se que as ferramentas desenvolvidas contribuam para “influenciar as políticas europeias de prevenção e combate à violência de género no trabalho e outros tipos de violência” e para que as organizações possam fazer “diagnósticos e intervenções”. Também se pretende, através de ações nas redes sociais, ajudar a construir “uma cultura de inclusão e aceitação”, inibindo “comportamentos que têm impactos terríveis a nível físico e psicológico” e criando um ambiente que permita às pessoas trabalharem com “mais segurança, confiança e igualdade”, conclui Leonor Pais.