Não são só os casos que semanalmente se conhecem dos dirigentes do Chega. Os bastidores do partido, agora trazidos à luz do dia pelo livro "Por dentro do Chega", revelam práticas nada coerentes com o discurso de André Ventura e muitos parágrafos para a justiça ler com atenção. O livro do multipremiado jornalista Miguel Carvalho, editado pela Objectiva, chegou às bancas este mês e resume em 751 páginas o conteúdo de milhares de documentos e entrevistas com atuais e ex-dirigentes. Alguns contam tudo.
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Dos financiamentos escondidos às gravações telefónicas secretas para entalar rivais internos, esta investigação mostra como André Ventura patrocinou exércitos de perfis falsos e purgas internas para criar um Chega unipessoal que sustenta as ambições desmedidas, as vidas abastadas e as madrugadas de copos dos seus mais reputados dirigentes. Pelo meio há guerras religiosas, filiações de imigrantes brasileiros em massa e a tentativa de corrupção de um ministro de Cabo Verde.
André Ventura e a mulher, Dina, mais um punhado de dirigentes de topo do Chega, numa lancha rápida de Lagos até à cidade marroquina de Tânger, que seria a ponte até ao exílio na Costa do Marfim. O objetivo era Ventura fugir à prisão e contornar, na clandestinidade, a já sentenciada ilegalização do partido em plena pandemia. É com esta insanidade coletiva que começa o livro "Por Dentro do Chega".