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Há um viés cognitivo que faz com que pessoas com baixa competência numa dada área tendam a sobrevalorizar as suas capacidades. E o oposto também acontece. A culpa é da habilidade metacognitiva. Ou da falta dela.
Sabe aquele aluno que acha que por ter estudado uma hora já sabe tudo e vai hiperconfiante para o exame, mas acaba a falhar redondamente? Ou o condutor que se considera acima da média, mas a verdade é que andar de carro com ele roça a sensação de tortura? Ou aquele gestor que fala como se tivesse toda a competência do Mundo para lidar uma equipa quando, na prática, ninguém o pode ver à frente? As três situações podem ser enquadradas na mesma explicação: efeito de Dunning-Kruger. Na prática, trata-se de um viés cognitivo, ou de uma distorção metacognitiva, que explica que pessoas com baixa competência numa dada área tendam a hipervalorizar as suas capacidades. O contrário também acontece. Pessoas muito competentes tendem a subestimar as suas "skills". E sim, é mais comum do que se possa pensar. Gaspar Ferreira, psicólogo especialista na área educacional e do trabalho, que é presidente da delegação regional norte da Ordem dos Psicólogos Portugueses, resume assim: "Há indivíduos que tendem, em determinada tarefa, a sobrestimar as suas capacidades, precisamente porque lhes faltam as competências necessárias para avaliar com rigor a sua própria performance. Em contrapartida, pessoas muito competentes tendem, por vezes, a subestimar o seu domínio, acreditando que aquilo que lhes é fácil também o é para os outros."

