
Nádia Delgado é gestora de cliente na Cofidis, onde está há 18 anos
Foto: Rita Chantre
Ricardo está a gozar uma licença parental de 120 dias com remuneração integral. Nádia dá graças pela sala da amamentação e pelo apoio da comunidade "working families". Luís recebe um subsídio que o ajuda a pagar a creche. Sabine elogia o teletrabalho e o facto de uma nova gravidez não a ter impedido de progredir.
Ricardo Dória, de 33 anos, descobriu recentemente o fascínio - e as dificuldades - da paternidade. É pai de uma menina de dois meses e meio, durante semanas a bebé só dormia ao colo, lá em casa ele e a esposa faziam "turnos", ora ficava o pai com a cria, ora ficava a mãe, e assim iam passando pelo sono à vez, pelo menos ao de leve. Recentemente, a bebé começou a dormir cinco horas seguidas na cama, uma proeza e tanto. Ricardo prefere não entrar em festejos, não vá a euforia ser traiçoeira e o feito durar pouco. Tem um ar feliz, mas cansado, neste ponto da vida não seria de esperar outra coisa. E ainda assim, quando comparado com outros recém-papás, tem uma sorte incomum: ainda está de licença e estará por mais mês e meio. Ricardo é product manager do Grupo Boticário, holding brasileira com foco em perfumaria e cosméticos, que em 2022 implementou em Portugal uma política de licença parental universal - ou seja, oferece uma licença parental de 120 dias (quatro meses) com remuneração integral para todos os colaboradores, independentemente do género ou mesmo do tipo de família. Ricardo, que entrou para a empresa há três anos, respira de alívio. "Eu e a minha esposa volta e meia falamos sobre isso. Tendo em conta que durante muito tempo a bebé só dormia ao colo, se eu tivesse de voltar para o trabalho ao fim de umas semanas não sei como ia ser. Não ia aguentar passar a noite de direta para depois ir trabalhar, nem ela podia estar 24 horas acordada com ela ao colo. Não é só um benefício para mim, é para toda a família." Quando decidiu mudar-se para o Grupo Boticário, a possibilidade de usufruir de uma licença parental alargada não entrou propriamente na equação. "Não foi um fator de decisão, porque na altura ser pai não era um objetivo imediato." Depois, foi-se apercebendo dos benefícios e valorizando cada vez mais. "E desde que a Luísa nasceu valorizo em triplo. Medidas como esta dão mais segurança para trabalhar no meu full-time job atual, que é cuidar da minha filha. E sou muito grato por conseguir acompanhá-la em permanência até aos quatro meses."

