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Consultório de Finanças Pessoais, por Catarina Machado (@literaciafinanceira.pt no Instagram), educadora financeira
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Tenho 32 anos e começo a preocupar-me com o futuro. Vejo preços a subir todos os anos e sinto que o meu salário dá para cada vez menos. Também oiço dizer que a minha geração vai trabalhar mais anos e receber menos pensão. Será que investir é obrigatório ou estou a exagerar?
Maria Araújo
Falar sobre estes temas não é ser negativo, é reconhecer a realidade para podermos agir melhor. Há realidades que não dependem de nós: o tempo passa, os preços aumentam (inflação) e a idade da reforma continua a subir. Saber isto não serve para ficarmos com medo, mas para tomarmos decisões mais informadas.
A inflação é a primeira regra silenciosa deste "jogo". Mesmo quando o dinheiro está parado no banco, ele perde poder de compra todos os anos. Um exemplo: em 2022 a inflação em Portugal ultrapassou os 10% (isto significa que, em média, tudo ficou mais de 10% mais caro em apenas um ano). Em 2024 desceu para 2,4%, mas continuou positiva. Aliás, o próprio Banco Central Europeu define como objetivo que a inflação esteja perto dos 2% ao ano, o que, na prática, significa aceitar que os preços subam cerca de 2% todos os anos. Ou seja, mesmo com valores "baixos", ao fim de dez anos, 100 euros de hoje já não compram o mesmo. Vemos isso no supermercado, nos combustíveis e em bens simples como o azeite, que aumentou mais de 100% em pouco tempo.
A segunda regra é a reforma. A idade legal está nos 66 anos e 7 meses, e já se sabe que em 2026 vai aumentar. Além disso, devido ao envelhecimento da população e ao número reduzido de contribuintes ativos, a sustentabilidade da Segurança Social é um desafio crescente. Isto não significa que as reformas vão desaparecer, mas sim que dificilmente garantirão um nível de vida confortável.
Perante isto, investir não é uma moda, é uma forma de preparar o futuro. Investir significa colocar o dinheiro a trabalhar para compensar a perda causada pela inflação e criar um complemento financeiro para mais tarde. E não é preciso começar com grandes valores: em muitas plataformas, é possível investir desde um euro. O importante é fazê-lo de forma regular e em produtos simples e diversificados, como os ETFs.
Não precisamos de prever o mercado, nem de ser especialistas. Precisamos de tempo, consistência e noção de que a educação financeira é uma ferramenta de liberdade. Não para enriquecer rápido, mas para tomar decisões conscientes e ganhar autonomia.
*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, jardinagem, Saúde, finanças pessoais, sustentabilidade e sexualidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email magazine@noticiasmagazine.pt
