Donald Trump desaconselhou a toma de paracetamol durante a gravidez, culpando o medicamento pelo aumento de casos de autismo. O problema é que não há evidência que sustente tal teoria.
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Risco "muito maior"
Donald Trump, presidente americano, aconselhou as mulheres a não tomarem paracetamol durante a gravidez, defendendo que estava "possivelmente associado a um risco muito maior de autismo". Horas depois, o regulador aprovou a leucovorina como tratamento para crianças com autismo. Trump apelou ainda a que uma relação entre o autismo e as vacinas seja novamente investigada.
3,2%
Um relatório recente dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA estimou que, em 2022, uma em cada 31 crianças americanas era autista, um aumento significativo em relação à década de 2000 (uma em 150).
Indignação global
O anúncio de Trump mereceu pronta condenação por parte da comunidade científica, dado que as suas declarações não encontram respaldo nos estudos já feitos. A Organização Mundial de Saúde apressou-se a dizer que não há evidências que sustentem uma ligação entre o autismo e o uso de paracetamol durante a gravidez. O presidente do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, Steven Fleischman (na foto), falou em declarações "irresponsáveis".
Riscos da febre
Além de não terem evidência científica, as declarações de Trump representam um duplo risco, dado que não tratar sintomas como a febre, no caso das grávidas, representa um risco acrescido para ambos: subindo a temperatura corporal da mãe, sobe também a do bebé, com risco acrescido para o seu desenvolvimento.
Faltam respostas
Os dados mostram um aparente aumento do número de casos de autismo a nível global, sendo que não há respostas cabais para compreender o fenómeno. Ainda assim, a comunidade médica tem enfatizado que parte deste aumento de casos se deve a uma melhor triagem.