O "Meu Objeto" da atriz e encenadora de 58 anos.
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“Um caderno de notas faz parte de mim. Vou registando ideias, pensamentos, acontecimentos, lugares, coisas de que não me quero esquecer. Tem de ser pequeno, leve, de preferência com folhas brancas, sem linhas, mas até já usei os quadriculados. Isto porque, às vezes, gosto de fazer pequenos desenhos ou só desarrumar a página. Idealmente vão tendo capas diferentes e assim, quando os consulto, tenho uma ideia de por onde começar.
É um diário que não é um diário, que me convida à escrita e a romper a neblina cerebral. Gosto que vá ficando com os cantos amolgados, às vezes até manchados por uma chuvada maior, um café derramado sobre a mesa.
É um companheiro de que não abdico, tem muito melhor memória do que eu, rapta-me para fora dos dias, faz-me perguntas e muitas vezes surpreende-me porque faz ligações inesperadas ou viagens no tempo. Só tenho pena que não se queixe de alguma caligrafia indecifrável. Não gosto de sair sem ele, mas também acontece e não há problema.”
“Quem cuida do jardim” é a mais recente criação de Cristina Carvalhal para teatro. De 14 a 25 de maio no palco do CAL – Centro de Artes de Lisboa; dias 6 e 7 de junho no Ponto C, em Penafiel; a 14 de junho no Teatro-Cine de Torres Vedras.
