
Diogo, 31 anos, é tetraneto do pintor francês Paul Gauguin
Foto: Adelino Meireles
Diogo Gauguin cresceu em Portugal, vive em Porto de Mós, e sim, é tetraneto do famoso pintor francês Paul Gauguin. Alessandra Clark brincou muito no meio do ateliê da avó, a artista brasileira Lygia Clark, e mora hoje em Cascais, onde cria peças de mobiliário que são autênticas obras de colecionador. Rita tem um apelido que não engana: Almada Negreiros. É arquiteta e acabou de requalificar, com a irmã, a casa de verão dos avós, o célebre casal português, em Bicesse. Um poço de memórias vivas. São descendentes de lendas da arte mundial e nacional e vivem no nosso país.
O GPS indica Porto de Mós, estamos num parque verde da vila, Diogo Gauguin Fonseca acena-nos ao longe e caminha despachado na nossa direção, com a cadela Terry, que resgatou há uns meses, ao seu lado. O apelido não engana, é neto, quinta geração na ordem da descendência, de Gauguin. Esse mesmo, Paul Gauguin, o pintor francês, nascido em 1848, em Paris. O nome do artista impressionista, que morreria miserável no Taiti, a ilha da Polinésia Francesa, depois de muitos ziguezagues na vida, só se agigantou após a sua morte, mas é hoje reconhecido em todo o Planeta. Tanto que, em 2015, uma das suas obras foi comprada por quase 300 milhões de dólares (cerca de 270 milhões de euros), tornando-se, à época, no quadro mais caro do Mundo. Mas voltemos a Portugal. "Tem sido engraçado até agora viver com esta parte de história agregada à minha vida", confessa Diogo, logo a abrir a conversa. Traz na mão um livro sobre o tetravô, comprado em tempos numa feira do livro, que reúne cartas de Gauguin à mulher e aos filhos, "onde relatava as suas peripécias".
Portugal entra nesta história quando a neta de um dos filhos do artista, uma mulher dinamarquesa de nome Mette (a mulher e os filhos de Gauguin viviam na Dinamarca), casou com um português chamado Eduardo Ribeiro da Silva Fonseca, lisboeta do bairro de Santos. Diogo, 31 anos, é fruto dessa linhagem, neto deste casal, herdou o apelido Gauguin do pai, a mãe é portuguesa, o jovem viveu por cá toda a vida. São três os descendentes de Gauguin em Portugal, o pai, ele e uma irmã. E o nome, esse, raramente o deixou passar despercebido. "Na escola, os professores perguntavam-me se o meu nome estava ligado ao pintor e até me aproveitava disso para ter umas notas melhorzinhas", graceja. Mas antes disso, há uma história que guarda de infância, ainda ele era um gaiato, de uma viagem oferecida pela companhia MSC Cruzeiros, que tinha acabado de batizar um dos seus navios em homenagem a Paul Gauguin. Corria o ano de 1998, todos os descendentes foram convidados a embarcar até à Polinésia Francesa. "Onde o Gauguin teve as suas gauguines. Andámos a visitar a ilha, os sítios por onde ele passou enquanto lá esteve, familiares que ainda lá estão, porque ele deixou lá bastantes descendentes. É pena, porque tinha cinco anos e de pouco me lembro."
A memória dessa viagem não está nítida, porém Diogo lembra-se de mais tarde, também catraio, ter ganhado curiosidade ao ver um quadro na parede de casa assinado por Gauguin, um dos seus sobrenomes. "Fui ganhando interesse aos poucos, até cheguei a fazer trabalhos na escola sobre ele. E comecei a identificar-me muito com ele, com as peripécias que viveu na vida, os infortúnios que teve, os altos e baixos. Era uma pessoa de garra, de ideias fixas e nisso sou um bocado igual, capaz de largar tudo e começar de novo, de viver sem amarras. Estou a fazer isso agora, saí de Lisboa, comprei uma casa aqui em Porto de Mós, que estou a reconstruir." Tem um pequeno terreno, onde guarda galinhas, está também a investir em cabras anãs, até já aprendeu a fazer queijo fresco, gosta de estar ligado à terra nos tempos livres. Trabalha numa pedreira, é cabouqueiro, pintar não parece ter sido caminho. "Perguntam-me muitas vezes se pinto. Não pinto, nunca me aventurei. Mas já tive menos interesse, para ser honesto. A verdade é que se me dedicar, até tenho algum jeito."

Diogo Gauguin vive em Porto de Mós e tem mantido contacto com vários outros descendentes de Paul Gauguin
O pai, conta, ainda chegou a pintar, "mas não teve grande sucesso". Um tio que mora na Dinamarca pinta, alguns primos também. Descobriu-o quando, recentemente, recuperou a ligação com outros descendentes. Fruto do afastamento do pai da família Gauguin, o tema não foi assunto em casa durante muito tempo, esteve enterrado, só há três anos Diogo foi em busca deste passado. "Comecei a procurar outros Gauguin no Facebook, enviei-lhes mensagens, fui recebido de braços abertos." Desde então, já descobriu para cima de uma dezena de primos, encontrou-se com quatro, um tio até veio de propósito da Dinamarca a Portugal só para o conhecer, tal foi o entusiasmo. Todos os anos há um encontro de Natal entre os Gauguin, acontece em Copenhaga. "Vão familiares de todas as partes do Mundo. De França, da Bélgica, até da Colômbia. Aluga-se um salão e faz-se a festa. Já fui a um e foi muito intenso, muita gente a querer fazer perguntas, descobri muitas parecenças com estes familiares." E entre todos, há uma eterna piada. "Vê lá se cortas uma orelha", relata Diogo. Numa alusão à discussão acesa entre Gauguin e o amigo Van Gogh, que culminou no famoso episódio em que Van Gogh corta a própria orelha.
Na casa que acabou de comprar em Porto de Mós, não guarda nenhuma obra do tetravô. Tem um quadro, réplica de uma obra de Gauguin, herdado da avó Mette, mas está guardado num armazém. "Tenho muita estima pelo quadro e quero muito preservá-lo. A minha avó morreu muito cedo, aos 62 anos, estive muitos anos sem a ver, tenho pena disso. Quando voltei a reconectar-me com a minha família, o meu avô disse-me que a avó tinha muito gosto em dar-mo a mim." E Diogo guardou-o como a preciosidade que é.
Do Rio de Janeiro para Cascais
Quando o ADN de uma lenda da arte corre no sangue, a curiosidade é inevitável. Alessandra Clark sabe disso, está habituada a lidar com o peso do legado da avó, mais ainda navegando ela própria também o mundo das artes. É, tal e qual Diogo, descendente de um génio das artes, carrega a herança da obra de uma artista que deixou o nome inscrito no Mundo. É neta de Lygia Clark, pintora e escultora brasileira, figura central do movimento neoconcreto no Brasil e uma das grandes artistas femininas do século XX. E sim, vive em Portugal. É em Cascais que a encontramos, na Quinta da Marinha, no seu ateliê Mameluca, instalado debaixo das arquibancadas de um centro hípico. Uns ninhos gigantes, obra dela, abrem-nos os braços antes de entrarmos pelo espaço adentro, para descobrirmos um mundo de peças de mobiliário de design a morar sob um teto inclinado. Alessandra mudou-se do Rio de Janeiro para Portugal, com o marido português, Nuno Franco de Sousa, em plena pandemia. Por cá instalaram o estúdio que já haviam criado do lado de lá do Atlântico. Ela recebe-nos de sotaque carioca impregnado na voz e desdobra-se em pedidos de desculpa por o espaço ser frio. Vai comprar mais aquecedores, promete.
Um quadro assinado por Lygia Clark salta à vista entre tantas outras peças inspiradas na sua obra, lá iremos. Antes, recuemos aos tempos de miúda, das brincadeiras no ateliê da avó. "Ela morreu quando eu tinha 12 anos e lembro-me do ateliê, das obras todas, as manipuláveis, chegávamos lá e aquilo era um parque de diversões." Parte da carreira de Lygia Clark foi dedicada a transformar a arte de um objeto observado numa experiência interativa, a criar obras que o espetador podia manipular e reconfigurar, que dependiam da interação, que quebravam a fronteira entre o público e o artista. Uma das mais icónicas foi "Bichos", uma série de grandes esculturas em metal com dobradiças. "Enquanto eu crescia, ela estava numa fase de trabalho que se focava muito mais no psicológico, numa espécie de terapia, muito menos material. Ainda assim, guardo memórias dos Bichos, das esculturas, do papel, das colagens, e sobretudo dessa fase da terapia. Quando ela se cansava dos netos, punha-nos a dormir no colchão da terapia. Mas para mim era muito avó. A minha descoberta dela enquanto artista veio muito depois."
Estava Alessandra já na faculdade a estudar Design quando muitos professores se abeiravam dela para lhe dizer que os seus trabalhos eram muito parecidos com os da avó. Isso despertou-lhe curiosidade, mergulhou em pesquisas sobre o processo criativo de Lygia, pôs-se a estudar a obra. "O nome é sempre algo complicado. Abre muitas portas, mas, ao mesmo tempo, as pessoas são mais críticas, porque fazem comparações com um trabalho como o dela, que é intangível, acima da média." Sentiu isso sobretudo quando fundou a Associação Cultural Lygia Clark com a família, dedicou-se muito a preservar o legado da avó, a digitalizar todo o material que existia, de textos, livros, diários, e a fazer réplicas das obras de Lygia para exposições. "Quando a exposição é de quadros, basta procurar colecionadores. Mas ela só fez obra vendável e colecionável, que está espalhada pelo Mundo, durante uns 15 anos. Durante mais de 20 anos, a produção cultural dela foi de obras que não são colecionáveis, que são perecíveis, feitas de materiais que se estragam facilmente. Então, era preciso fazer réplicas para as produções, que ainda hoje são muito solicitadas. E aí as comparações intensificaram-se."

Alessandra Clark, que se dedica a criar peças de mobiliário de design, numa cadeira inspirada na obra da avó Lygia Clark. A última foi vendida por 40 mil euros
A associação surge em 2000 e, depois de uma grande retrospetiva que percorreu várias cidades, a procura dos museus pela obra aumentou, o trabalho avolumou-se, sobretudo a demanda por réplicas. Mas Alessandra foi fazendo o seu próprio caminho, trabalhou em fábricas primeiro, mais tarde abriu o ateliê Mameluca com Nuno, o estúdio de design que se foi tornando cada vez mais conceptual. Não produzem peças de mobiliário em escala, são autênticas obras de arte que podem ser usadas, numeradas, feitas uma a uma. Com o tempo, Alessandra começou a dedicar-se cada vez mais ao ateliê, já vendiam muitas peças para fora, abrandou o trabalho na associação, até que se mudou para Portugal com o marido, que há muito queria voltar ao país natal.
Levaram dois anos a montar o estúdio por cá, num cantinho abandonado e carregado de mofo do centro hípico onde Nuno passava os fins de semana em criança. Fizeram obras e por aqui ficaram. No entretanto, Alessandra até já aprendeu a montar a cavalo. Hoje, aos 49 anos, mantém-se ligada à associação, gerida pelo pai e pelo tio, mas só para projetos pontuais. Guarda, no acervo pessoal, textos, produção intelectual, esboços, colagens, estudos que Lygia produzia no seu ateliê. É parte da memória da avó. Mas Alessandra tem ainda mais de Lygia, "o lado questionador, de estar sempre a tentar ultrapassar os limites" e o facto de "ser muito fechada nos próprios pensamentos". "A Lygia continua muito presente na minha vida. E vai estar sempre, até porque adoro a obra dela." Tanto que desenvolveu uma coleção inteira de objetos de mobiliário inspirada na obra da avó. Uma das peças é uma poltrona em metal, a última foi vendida por 40 mil euros. Também têm bancos, cadeiras, uma mesa inspirada nos quadros de Lygia, maleável, que abre a fecha, até luminárias que se parecem com "os óculos, objetos sensoriais que ela criou". Vendem em feiras de design, galerias, e no estúdio em Cascais. Onde se querem manter por muito tempo.
Uma casa feita de memórias
Neste roteiro em busca por descendentes de grandes artistas a viver em Portugal, podemos continuar em Cascais. Do estúdio Mameluca a Bicesse não é preciso percorrer um longo caminho, são escassos os quilómetros até à Quinta da Lameirinha, onde Rita nos recebe. Rita Almada Negreiros. O nome é um anúncio por si só. Estamos na casa de verão de Almada Negreiros e Sarah Affonso. Rita e Catarina, dupla de arquitetas e netas do mais célebre casal de artistas modernistas portugueses, recuperaram recentemente o antigo refúgio dos avós. Começaram por restaurar um coração de conchas criado por Sarah quando comprou a casa, e que havia caído da parede. E seguiram para a casa principal.
É na cozinha, de móveis pintados de encarnado e uma claraboia a sobrevoar a mesa de madeira, que Rita, 56 anos, se senta à conversa. "Conheço esta casa desde que nasci e esta obra de reabilitação tem sido uma redescoberta. A casa estava praticamente numa pré-ruína, mas tínhamos de arranjar meios para fazer a obra. Conseguimos e ela está de novo habitável", comenta. A cor da cozinha é resultado de uma intervenção que o pai havia feito há uns anos, antes era toda em óxido de ferro, mas quiseram seguir a linha do pai. No resto da reabilitação, tentaram ser praticamente invisíveis, manter tudo tal e qual estava, incluindo os móveis que eram deles, os sofás, a mesa onde Almada trabalhava em Lisboa, colchas bordadas por Sarah, um painel de azulejos também por ela criado no exterior e até uma obra de Almada sobre a porta de entrada para a sala. A quinta de dois hectares foi comprada em 1939, com o dinheiro que Almada recebera pela encomenda dos painéis da Gare de Alcântara. Os avós passavam parte do tempo aqui e agora também as netas, ambas a viver em Lisboa, o fazem. Se bem que a obra ainda não esteja concluída. É preciso fazer uma pequena caminhada para dar de caras com o antigo ateliê de Almada, um pré-fabricado em tons de azul, encaixado entre árvores, numa zona a que as irmãs chamam de pinhal. Ainda está por restaurar, é um dos próximos passos. Isso e tornar a quinta visitável. A seu tempo.

Rita Almada Negreiros na casa de verão dos avós, em Bicesse, recentemente requalificada. À esquerda, uma obra de azulejaria de Sarah Affonso, em cima da porta uma obra de Almada Negreiros
Rita não tem memória do avô, Almada morreu quando ela tinha oito meses de vida, mas da avó sim, que viria a morrer já ela tinha 14 anos. "É engraçado, tinha uma avó do lado da minha mãe que era muito tradicional, que tratava da família, tinha não sei quantos filhos, dedicava-se aos lavores. E depois tinha a Sarah, que era muito diferente no seu discurso, que era uma avó que fumava, que bebia o seu copo de vinho, que desenhava connosco." Ela e a irmã cresceram rodeadas de obras dos dois, mergulhadas num caldeirão cultural. "Percebemos desde cedo que tínhamos uma família especial e claro que isto molda, de certa forma, a vida. Tanto a Sarah como o Almada quebraram todas as regras. Para nós, foram sempre um grande exemplo do que é possível." Porém, talvez tenha sido a história de uma avó artista naquele tempo a maior inspiração. "Ela não era só a mulher do Almada, era uma mulher moderna, tinha a sua obra, a sua independência. Naquela época, sendo mulher, com vinte e poucos anos foi sozinha para Paris, como ele também foi, mas ela até ficou mais tempo. E arranjou trabalho, continuou a pintar, expôs no Grand Palais, teve boas críticas. Não foi ofuscada pelo marido, eles eram pares, só não teve as oportunidades que ele teve porque o país nunca lhe encomendou nada."
Ainda garota, Rita lembra-se de receberem visitas de grupos de estudiosos na casa da Rua de São Filipe de Nery, onde a avó Sarah continuou a viver, e de mais tarde aparecerem estudantes na casa dos pais. "No fundo, o que eu e a minha irmã estamos a fazer agora foi o que o meu pai fez durante o seu tempo de vida, sendo que ele tinha muito mais coisas para contar. Morreu muito cedo e com ele foram imensas memórias." Dos avós, as netas herdaram o dom para o desenho, talvez seja aí que o ADN se faz sentir mais. Seguiram arquitetura, tal e qual o pai, uma das únicas artes que Almada não experimentou. E durante uns anos as duas trabalharam fora, para experimentarem ser anónimas e não viverem sempre com um nome ao lado. "Este nome em Portugal, quando uma pessoa está numa área artística, pode pesar um bocado. Havia sempre uma expectativa e uma desconfiança. E nem uma nem outra são boas. Até porque, quando temos uns avós destes, não vale a pena ter uma grande expectativa. Por isso é que ir para fora foi fundamental para o nosso crescimento."
A par da arquitetura, as irmãs também põem um pé no mundo das artes visuais, têm "muito trabalho de azulejaria". Até já se aventuraram na escultura, ao criarem um monumento metálico, com nove metros de altura, partindo de um autorretrato de Almada Negreiros, que pode ser visto em Lisboa, na Ribeira das Naus, numa homenagem ao avô. E, claro, carregam uma missão familiar, a de preservar o legado de tão grandes artistas. "Nascemos já com esta missão. O meu pai sempre foi a pessoa que representava a família, depois da morte dos meus avós. E também a minha mãe, sendo nora, teve um papel importante na recolha de informação, ao gravar clandestinamente conversas que tinha com a minha avó, que contava histórias incríveis de tudo o que eles tinham vivido, e ter publicado o livro "Conversas com Sarah Affonso", já com a autorização da Sarah." Agora, calha às netas seguirem a missão, através da Associação Almada Negreiros, trabalham com uma equipa de investigadores. "Nós temos o legado, mas são eles os profissionais, sempre houve muitas pessoas interessadas na obra, tivemos essa sorte. Somos apenas consultoras, damos apoio. Ao mesmo tempo, temos também a sorte de gostarmos imenso da obra dos nossos avós, eles tinham uma linguagem muito acessível, muito visual, somos grandes admiradoras, muito também da obra literária do Almada."
Rita tem duas filhas adolescentes, bisnetas dos artistas. Nasceram já no século XXI, têm um século a separá-las dos avós. "Mas têm muita consciência de quem são, contamos-lhes muitas histórias sobre eles e adoram a obra dos dois." Mais do que a mão para o desenho é, afinal, o sentido de família a característica que Rita mais sente ter herdado dos avós. "O Almada era praticamente órfão, o pai pô-lo num colégio interno, a ele e ao irmão, depois da morte da mãe. Andaram por aí e fizeram uma vida sozinhos até que o Almada casa com Sarah. E há ali uma noção de família neste casal muito intensa. Ela tinha muita noção do que era uma família, mas ele nunca tinha tido, talvez por isso dava tanto valor." E esse legado parece não ter fim.


