Ainda a recompor-se da morte de Francisco, e após o funeral do líder máximo da Igreja Católica, é tempo do Colégio dos Cardeais se preparar para o conclave, que começa a 7 de maio, e que dará a conhecer o novo Papa.
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A eleição do novo Papa
O Vaticano entrou no habitual período de transição “trono vazio”. Duas a três semanas depois do funeral, o Colégio dos Cardeais, constituído por 135 elementos (quatro deles portugueses), reúne na Capela Sistina para o conclave, processo secreto de eleição do novo Papa.
Americano-irlandês administra Vaticano
Com a morte de Francisco e até à eleição do seu sucessor, o camerlengo tem autoridade para administrar o Vaticano, cargo que é ocupado por Kevin Farrell desde fevereiro de 2019. O cardeal americano-irlandês, escolhido pelo Papa, presidiu ao ritual durante o qual a morte de Francisco foi oficialmente confirmada, liderou as reuniões para marcar o funeral e irá supervisionar a organização do conclave.
O processo de sucessão
Desde o século XIII que o novo Papa é escolhido por um colégio de cardeais que se junta durante os dias necessários até ser alcançada uma votação maioritária de dois terços mais um. A decisão é anunciada através da emissão do famoso fumo branco, expelido de uma pequena chaminé instalada no topo da Capela Sistina, no Vaticano. Enquanto não houver consenso, o fumo será negro no final de cada dia de reunião.
Só para menores de 80 anos
No conclave, apenas participam cardeais com menos de 80 anos: 53 europeus, 23 asiáticos, 18 africanos, 17 sul-americanos, 16 da América do Norte, quatro da América Central e outros tantos da Oceânia. A Itália será o país com mais eleitores (17). Portugal conta com seis cardeais, mas somente quatro podem ser eleitos e têm direito a votar: António Marto, Manuel Clemente, Tolentino Mendonça e Américo Aguiar. José Saraiva Martins (93 anos) e Manuel Monteiro de Castro (87 anos) não podem ser escolhidos e, por isso, também não têm poder de decisão.
267.º
Desde São Pedro até Francisco, a Igreja Católica já teve 266 Papas. O próximo sumo pontífice será o 267.º. “João” foi o nome mais vezes escolhido.
Sem contacto com o exterior
Durante o conclave, os cardeais, que permanecem no Vaticano sem contacto com o exterior, começam por fazer juramento de segredo. Depois, numa sala fechada, cada cardeal, que não pode votar em branco nem em si próprio, escreve o nome do seu candidato papal e coloca o boletim numa urna de bronze. No final, os boletins são contados e os resultados lidos em voz alta. Se não houver a tal votação maioritária de dois terços mais um, o processo repete-se até que tal seja encontrada. Há quatro votações diárias: duas de manhã e outras tantas à tarde. No final de cada reunião inconclusiva, os boletins são queimados.
Folga após três dias de votações
O processo repete-se durante três dias consecutivos. Se no final desse período não houver resultados, o dia seguinte é dedicado a oração e a discussão espiritual e só no dia posterior é retomado o processo. Caso não haja decisão após 34 votações, os dois candidatos com maior preferência disputam a votação final e o novo Papa é então escolhido por maioria simples.
Coroação e apresentação aos fiéis
Quando o vencedor for encontrado, é-lhe solenemente perguntado se aceita a eleição para sumo pontífice. Com resposta afirmativa, o fumo branco é lançado e um representante da Santa Sé grita à multidão, desde a varanda da Basílica de São Pedro, “Habemus Papa [Temos Papa]”. Enquanto isso, o novo Papa acede à Sala das Lágrimas, onde veste a roupagem papal, e recebe as juras de obediência dos cardeais, dirigindo-se depois à Capela Paulina para fazer uma pequena oração pessoal, mostrando-se depois pela primeira vez aos fiéis.