Com o aumento das temperaturas, os tutores passam mais tempo ao ar livre com os animais. Mas poucos sabem que a exposição prolongada de cães e gatos pode causar queimaduras, lesões na pele e até cancro.
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Apesar de muitos tutores não estarem conscientes do perigo, a pele dos animais, especialmente nas zonas com pouco ou nenhum pelo, é sensível à radiação solar. Segundo a veterinária Madalena Guedes, da Clínica Veterinária Monte dos Burgos, no Porto, “gatos com pelagem branca, por terem menos melanina na pele, estão entre os mais vulneráveis a desenvolver lesões, sobretudo no nariz, nas orelhas e na barriga”. Os gatos por terem a pele mais fina nessas regiões são mais vulneráveis do que os cães, tendem a passar mais tempo deitados ao sol, muitas vezes junto às janelas ou nas varandas. Já nos cães, o risco é menor, mas não inexistente, “a pele deles não é tão exposta como a dos gatos, mas também aconselhamos protetor solar em zonas com pouco pelo e pelagens claras, pois pode também surgir carcinoma de células escamosas”, acrescenta.
Sobre o protetor solar, Elena Diaz, veterinária das clínicas Kivet, alerta que “produtos humanos não devem ser usados, pois contêm substâncias tóxicas, como o óxido de zinco, que fazem mal aos animais”. A especialista recomenda o uso de protetores hipoalergénicos específicos para cães e gatos, seguros em caso de lambidelas.
Nos dias de maior calor, é também fundamental adotar cuidados simples, mas eficazes para garantir o bem-estar dos animais. Evitar passeios entre as 11 e as 16 horas, quando a radiação solar é mais intensa. As raças braquicefálicas, como buldogs ou pugs, requerem ainda mais atenção, pois as suas vias respiratórias são mais estreitas e o focinho mais achatado, transpirando pelas almofadas e língua, e têm maior dificuldade em regular a temperatura corporal. “Os cães e gatos não transpiram como os humanos – a única forma que têm de libertar calor é através da respiração, o que os torna mais suscetíveis a golpes de calor”, especifica Madalena Guedes.
O contacto das patas com o alcatrão quente também pode causar queimaduras, pelo que se recomenda o uso de botas próprias ou a escolha de horários mais frescos para os passeios. A vermelhidão na pele, a presença de crostas, comichão ou feridas são indícios de queimaduras. Madalena Guedes alerta que “nestes casos, o animal pode já estar num estado pré-comatoso [perto de perder a consciência] e, por isso, é necessário agir de imediato”.
Em situações de emergência, a aplicação de álcool nas extremidades e a ventilação com ar frio são medidas eficazes para ajudar a reduzir a temperatura corporal do animal. Para queimaduras nas patas, o tratamento indicado passa pelo uso de pomadas cicatrizantes, sempre recomendadas por um médico-veterinário, refere a especialista.
Além da proteção contra o sol, os tutores devem garantir que os animais têm acesso constante a água fresca, evitando riscos associados ao calor intenso, como a desidratação e o golpe de calor.