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Cristina nunca quis ser mãe. Para casar pela Igreja, optou por mentir. Miguel vive em união de facto. Para ser padrinho de batismo, deu uma morada diferente. Depois, há paradoxos mais profundos: o papel das mulheres, a inclusão de recasados e homossexuais. E sim, há "caminho a ser feito", reclamam os fiéis. Lentamente.
Para Cristina Silva, de Braga, a caminhada cristã nunca se fez por empurrão. Pelo contrário, desde que se lembra de ter consciência que a abraça, plena de intenção e devoção. Fez a primeira comunhão, a profissão de fé, a confirmação (ou crisma), chegou a dar catequese. Hoje, com 40 anos, continua a rezar todas as noites. E procura viver de acordo com os valores cristãos que tanto lhe dizem. Daí que a vontade de casar pela Igreja tenha surgido como algo natural.
Porém, por conhecerem bem o meio religioso, já sabiam que na conversa com o padre da freguesia seriam confrontados com uma pergunta inevitável. Estariam eles dispostos a ter filhos e a educá-los na fé cristã? Cristina nunca quis ser mãe, o companheiro concordou, no momento em que decidiram dar o passo de casar pela Igreja já estavam mais do que decididos a não procriar. “Tivemos de mentir e dizer que sim. Se disséssemos que não, o padre podia negar-se a passar a declaração a atestar que vivemos na fé cristã.”
Mas a mentira não foi dita de ânimo leve, sentiram-se ambos “muito desconfortáveis”, ainda hoje há um incómodo que resiste, um sapo que custa a engolir. “É um contrassenso. A caminhada cristã não nos foi imposta, fomos nós que a quisemos fazer. Tentamos praticar o bem, ser pessoas honestas. E depois, para podermos casar pela Igreja, temos de dizer uma mentira.”
Cristina não se conforma, nem se revê numa Igreja que, de alguma forma, lhe aponta o dedo. “Estas ideologias castradoras acabam por nos afastar também a nós, que queremos praticar o cristianismo e fazer parte dele. Nós acreditamos numa Igreja que acolhe e ajuda. Em vez disso, sentimo-nos julgados na opção que tomámos. Sendo que quem nos julga não é Deus, é o homem. O nosso Deus é um Deus de perdão, bondoso e acolhedor.”
A premissa de “não rejeitar o dom da vida” de forma deliberada está inscrita no Ritual Romano do Matrimónio, livro litúrgico oficial da Igreja Católica. Na prática, os casais que pretendam casar pela Igreja terão de afirmar que aceitam os bens essenciais do matrimónio. Ou seja: abertura à vida (estarem dispostos a ter filhos), educação cristã dos mesmos, fidelidade e indissolubilidade do casamento.
O próprio Código de Direito Canónico indica que a disposição para a procriação e a educação dos filhos é considerada parte integrante e indispensável da união. Quer isto dizer que os casais têm de afirmar perentoriamente que vão ter filhos? Não. Mas devem confirmar que estão abertos a essa possibilidade. No limite, caso afirmem que não querem de todo ter filhos, o matrimónio pode até ser impedido, ou posteriormente considerado inválido.
As restrições – ou regras, dependendo da perspetiva – aplicam-se também a outros sacramentos, como o batismo. Os padrinhos, por exemplo, devem ser crismados e não viver em situação marital irregular perante a Igreja, designação que se aplica a divorciados recasados, situações de união de facto e casamentos civis.
Só que o número de divórcios e uniões de facto segue em crescendo. Em 2023, registaram-se 49 divórcios por cada 100 casamentos. Já segundo os Censos de 2021, mais de um milhão de pessoas viviam em união de facto, um aumento de 38% em relação a 2011. O que significa que o leque de pessoas em “situação marital irregular” tem vindo a aumentar. Ainda assim, não falta quem, não sendo casado pela Igreja, não esteja disposto a abdicar de ser madrinha ou padrinho. E opte por recorrer a soluções criativas.
Miguel Santos, de 35 anos, residente no distrito de Aveiro, é um bom exemplo disso. Durante anos, frequentou uma escola católica no Reino Unido, teve Educação Religiosa como disciplina obrigatória, a mãe era catequista, ele ainda fez a primeira comunhão e a profissão de fé, já o crisma ficou pelo caminho, o casamento idem aspas, vive em união de facto.
“Como aconteceu com uma boa parte da minha geração que teve uma educação católica, à medida que fui ganhando autonomia e espírito crítico acabei por me afastar.” Desde logo, porque não concorda com a forma como a instituição lida com questões como o divórcio, o sexo antes do casamento ou a integração da comunidade LGBT+. Os próprios “rituais” da Igreja aborrecem-no de morte.
Com o passar dos anos, acabou por perceber que não era sequer pessoa de grande fé. Só que na família tem vários católicos praticantes, que fazem questão de seguir a preceito os sacramentos da Igreja. E, portanto, já por duas vezes ele e a companheira foram convidados para ser padrinhos de batismo. “Claro que aceitámos, porque, independentemente de não estarmos muito ligados à Igreja, sentimos que é uma grande honra sermos padrinhos. E acho que ser um bom padrinho depende mais da dedicação que dou aos meus afilhados do que de ir à missa e dizer ámen.”
Na primeira vez, já lá vão uns anos, recorda-se que o padre era “muito fixe”, não criou barreiras nem fez interrogatório algum, preocupou-se apenas em certificar-se de que iam amar aquela criança. Miguel confessa, no entanto, que não sabe até que ponto o facto de a mãe conhecer bem o padre contribuiu para facilitar o processo.
Mais recentemente, voltaram a ser convidados para padrinhos. Só que, desta vez, o batismo acontecerá noutra paróquia, em que o padre é “mais conservador”. E como tiveram de preencher um papel em que, além dos respetivos dados pessoais, atestavam que não se encontravam em situação marital “irregular”, a mãe da criança sugeriu que colocassem moradas diferentes, para evitar problemas.
“A solução foi mentir”, resume, classificando a situação como uma “contradição” e um “detalhe burocrático absurdo”. “A Igreja, ao criar todas estas barreiras e limitações, que já não se justificam tendo em conta a evolução do estilo de vida, acaba por se afastar ainda mais da comunidade. Ou já se assume que as pessoas vão mentir, ou vive-se hipocritamente a acreditar que os casais ainda vivem todos sob estes preceitos, que não têm ligação com a realidade de hoje.”
Aceitar as regras internas
A exigência de que os padrinhos de batismo sejam crismados e vivam em situação marital regular (requisitos que não são obrigatórios no caso dos pais da criança batizada) prende-se com o seu expectável papel na formação e orientação dos afilhados. Segundo a doutrina da Igreja, devem representar uma referência sólida e um compromisso efetivo com a vida cristã. A questão é que, além da já referida evolução da conjugalidade, que se traduz num número crescente de casos em situação marital irregular perante a Igreja, há uma discricionariedade clara.
Desde padres que não se preocupam com as uniões de facto aos que dela fazem um bicho de sete cabeças, dos que impedem que dada pessoa seja madrinha ou padrinho por não ter crisma aos que simplesmente fecham os olhos. Não raras vezes, há quem faça dezenas de quilómetros para batizar os filhos com um padre que abra portas, em vez de fechar. Nos fóruns da Internet, não falta até quem pergunte quais as melhores paróquias para batizar os filhos, mediante dadas circunstâncias.
Uma outra nuance a adensar um novelo de aspetos aparentemente contraditórios. Serão mesmo? António Marujo, jornalista do “7Margens”, jornal digital que se dedica à divulgação de informação sobre o fenómeno religioso, é cauteloso.
“Nos sacramentos católicos, há uma premissa básica: se integro uma qualquer associação, aceito as regras internas. É importante ressalvar que a Igreja não impõe nada. São as pessoas que escolhem dizer, diante da comunidade, que querem viver segundo o plano de Deus. Quem quer casar pela Igreja, aceita a regra implícita de que a fé cristã é importante e deve ser transmitida a outros. Mas a Igreja deve ser uma casa de acolhimento, não me parece que faça sentido alguém ser impedido de casar por não querer ter filhos, apesar de, pessoalmente e de forma genérica, não estar de acordo com tal posição.”
Quanto aos padrinhos, as regras também têm a sua razão de ser, entende. “Quando se diz que ninguém pode ser padrinho sem ser crismado, a premissa é semelhante a querermos ensinar natação sem saber nadar. Ou seja, se a ideia é educar a criança na fé cristã, ser padrinho sem ter o crisma é o equivalente a ‘não percebo nada disto, mas vou-te ensinar’. Claro que depois há padres que privilegiam o facto de os possíveis padrinhos serem bons e justos. Mas aí não falaria de contradições, são formas diferentes de aplicar as regras.”
Já em relação à suposta obrigatoriedade de os padrinhos viverem em situação marital regular, António Marujo tem uma visão distinta. “Se os padrinhos não são casados pela Igreja, mas os pais têm a certeza de que são pessoas que os podem substituir se for necessário, que são pessoas cuidadoras e fraternas, porque é que não podem ser? Quer isto dizer que não deve haver regras para se ser padrinho? Não. Enquanto comunidade organizada, a Igreja tem regras. Mas fazer delas o essencial, não me parece que faça sentido, à luz do evangelho cristão.”
O próprio Papa Francisco tem insistido que a Igreja “não é uma alfândega” e que os sacramentos não devem ser usados como “prémios para os perfeitos”. Ou seja, ainda que a norma canónica se mantenha, o Papa pede que ela seja aplicada com discernimento pastoral e não de forma cega, excluindo automaticamente quem vive em situação “irregular”.
As mesmas diretrizes têm vindo a ser transmitidas pela hierarquia da Igreja em Portugal. A “Notícias Magazine” apurou, junto de um padre da Área Metropolitana do Porto, que já D. Manuel Clemente, quando foi bispo da cidade portuense (2007-2013), deu indicações internas para “não fazer grande caso” de situações relacionadas com uniões de facto. E, no entanto, a tal situação marital “irregular” continua a surgir em papéis como o que Miguel Santos e a companheira tiveram de preencher.
O tema não é consensual. José Manuel Curado, filósofo e professor da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho, com trabalho feito na área da religião, é categórico. “Os possíveis padrinhos que vivem segundo padrões nos quais a Igreja não se revê não deveriam participar de todo numa cerimónia espiritual”, sentencia. Diz até que o contrário disso é “desrespeitar a comunidade de crentes e a própria instituição”.
O mesmo se aplica, no seu entender, à premissa de que quem casa pela Igreja deve estar disposto a ter filhos. “A Igreja não obriga ninguém a ter a intenção X ou Y ou a ter filhos. Tudo isso faz parte da natureza humana. As pessoas que, por qualquer razão, se querem aproximar do legado da Igreja e da sua vida espiritual, não são forçadas a nada. Todavia, como em todos os assuntos humanos, essas pessoas têm de se adequar ao que desejam alcançar.”
Aponta ainda o dedo aos frequentes “ataques mal-intencionados” de que a Igreja é alvo. “As pérfidas ideologias do nosso tempo fazem questão de não perceber estas coisas elementares. Como não percebem, fazem cair o ónus do odioso sobre a instituição que, na sua agenda ideológica, deverá ser combatida.”
Mais contida é a posição de Alfreda Ferreira da Fonseca, do “Nós Somos Igreja”, movimento que defende uma maior participação dos fiéis na Igreja Católica e a igualdade de género na instituição. “A meu ver, essas situações explicam-se com ritos que estão desatualizados. Já há muitos anos soube de uma noiva que já estava na menopausa e teve de dizer que tencionava ter filhos e educá-los na fé cristã.”
Quanto aos padrinhos, devem ser crismados, entende, porque, lá está, “cabe-lhes ajudar os pais na formação cristã dos filhos”. Diferente, a seu ver, é a questão de terem de ser casados pela Igreja. “É algo que diz respeito à sua vida íntima. Se há demasiadas regras, só servem para complicar. Aí também entra o facto de a formação humana dos padres ser, nalguns casos, bastante deficiente. O que faz com que não tenham a latitude de aplicar as regras com bom senso.”
“Há de mudar um dia”
Das questões mais pontuais para as mais profundas, vê “uma contradição absoluta” no facto de as mulheres continuarem impedidas de aceder ao presbiterado (serem presbíteras ou padres). “É inacreditável que no século XXI se continuem a excluir as mulheres dos ministérios ordenados [cargos de diácono, presbítero e bispo]”, aponta.
Alfreda lembra que as primeiras comunidades cristãs eram lideradas tanto por homens como por mulheres e lamenta que “ao longo da história, tenha havido sempre uma versão masculinizante do serviço à comunidade”. “Não há nenhuma razão teológica consistente que justifique o facto de não haver mulheres diáconas e presbíteras na Igreja Católica. É algo que deriva sobretudo de questões culturais e de uma tradição de submissão, particularmente vincada na cultura greco-romana e no judaísmo, que se tem mantido por razões puramente machistas.”
António Marujo concorda. “Nas cartas de São Paulo, por exemplo, podemos perceber que havia mulheres a liderar as comunidades cristãs e a acompanhar Jesus. As mulheres faziam parte integrante do grupo dos apóstolos. O próprio Papa Francisco já proclamou Maria Madalena como apóstola entre os apóstolos. Teologicamente, não há qualquer obstáculo a que as mulheres possam aceder ao presbiterado.”
Reconhece, no entanto, que não é algo que se mude “por decreto” e que o Papa Francisco tem “aberto várias portas nesse sentido”. “É um caminho que se vai fazendo, e que tem de passar por muita reflexão, uma formação intensa para a igualdade, por medidas concretas também. De qualquer forma, também não me parece que interesse haver ordenação de mulheres para o modelo que atualmente existe, de um padre que acha que manda, que tem a última palavra sobre tudo. Interessa, sim, haver mulheres numa lógica de serviço à comunidade.”
Alfreda também insiste neste ponto. “Nós não queremos ser iguais aos atuais padres. O modelo de presbítero está ele próprio em crise, precisa de ser revisitado e repensado, ao serviço das diferentes comunidades.” A propósito, realça a urgência de rever o Direito Canónico e o adequar à diversidade das culturas. “A diversidade deve ser pensada de forma a fazer aquilo que Jesus Cristo fez, que foi tentar integrar todos.”
E sim, há pequenos passos que têm sido dados, reconhece. “O cenário já mudou um bocadinho. O Papa Francisco nomeou mulheres para cargos no Vaticano que sempre foram masculinos. Pela primeira vez, foi nomeada uma governadora do Vaticano e há uma mulher a comandar um dicastério. No Sínodo dos Bispos, foram convidadas mulheres. Claro que o cenário ainda está muito longe do que gostaríamos, as mudanças são pequenas e lentas. Mas isto há de mudar um dia.”
A mesma esperança tem Pedro Oliveira, católico praticante, gay, um dos coordenadores do movimento “Sopro”, nascido precisamente da vontade de “fazer pontes entre a comunidade LGBT+ e a Igreja Católica Portuguesa”. A dada altura, conta, começou a surgir “a necessidade de dar resposta a pessoas homossexuais que, sendo católicas, não queriam abandonar uma das suas identidades”. O “Sopro” é, em grande parte, fruto dessa necessidade.
“Entendemos que a situação atual não é a ideal, porque não há uma inclusão plena. O que o catecismo diz, em termos práticos, é que as pessoas homossexuais são aceites e devem ser incluídas na vida da Igreja, desde que pratiquem a abstinência. Entendemos que essa é uma visão redutora da vivência afetiva e sexual das pessoas homossexuais.” Ainda que perceba o argumento do ponto de vista doutrinal, na perspetiva de o sexo estar necessariamente aberto à procriação, defende que “a vivência sexual não deve ser olhada de forma mecânica, mas sim integrada numa relação amorosa entre duas pessoas”.
“A nossa perspetiva é que a posição da Igreja, que tem vindo a repensar a atividade sexual dos casais hetero, deve ser transposta para a vivência de casais homossexuais que estão numa relação estável e de dedicação um ao outro.” Porém, lá está, em causa está “uma instituição que tem a sua tradição e história” e que não anda tão depressa como uma parte dos fiéis desejaria. “De qualquer forma, entendemos que o caminho deve ser feito no seio da Igreja e com a Igreja.”
Um caminho que já vai sendo visível no caso dos recasados católicos. Soledade Carvalho Duarte, uma das fundadoras do grupo “Reparar”, criado em 2004 para dar a mão a pessoas nessa situação, enaltece um “movimento de maior acolhimento e discernimento pastoral, especialmente nos últimos anos, com destaque para o pontificado do Papa Francisco”. Destaca, em particular, a exortação apostólica Amoris Laetitia, de 2016”.
“Sugere que, em certas situações, os católicos recasados civilmente podem ser integrados mais plenamente na vida da Igreja, incluindo eventualmente o acesso aos sacramentos, desde que haja um processo de discernimento com um sacerdote, tendo em conta a consciência da pessoa e a complexidade da sua situação.” Uma mudança tímida, que inspira sentimentos contraditórios.
“Para muitos católicos recasados, o facto de ainda se colocarem certas exigências pode ser vivido como um julgamento implícito ou uma contradição com o ideal de uma Igreja que prega o amor, a misericórdia e a inclusão. Outros, no entanto, veem nisso um esforço da Igreja em equilibrar fidelidade à doutrina com abertura ao real.” Soledade está no “grupo” dos que veem o copo meio cheio.
“O Papa Francisco tem insistido que ninguém pode ser excluído ‘de antemão’ da vida sacramental. A chave está no discernimento feito com humildade, sinceridade e, sobretudo, no amor. Portanto, não se trata de uma negação do amor universal, mas de uma tensão ainda em processo de amadurecimento dentro da Igreja.”
E se reconhece que “ainda há caminho por fazer”, até porque “continua a haver uma certa desigualdade na forma como estas orientações são aplicadas nas diferentes dioceses e comunidades”, prefere focar-se nos “sinais de esperança”, numa Igreja que, “embora lentamente, está a aprender a acolher mais e a excluir menos”.
Questionada pela “Notícias Magazine”, a própria Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) vincou o caminho feito no sentido de uma inclusão crescente. “O Papa Francisco iniciou, em 2021, o Sínodo sobre a Sinodalidade, intitulado ‘Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão’ e convidou todos os católicos a caminhar juntos num processo de escuta e discernimento. A publicação do documento final do Sínodo, em outubro de 2024, aponta caminhos para uma Igreja mais inclusiva e participativa com ênfase na escuta, na colaboração e na renovação missionária, mantendo a fidelidade ao Espírito Santo.” Na mesma nota, a CEP reforça que “as práticas pastorais da Igreja devem ser discernidas à luz do processo sinodal em curso, tendo em conta a renovação eclesial”.
Também António Marujo entende que há um processo evolutivo em curso, lembrando que o Papa Francisco tem sido uma voz ativa contra o clericalismo. Se há contradições que resistem? Admite que sim. “Quando se exclui alguém, seja como homossexual, mulher ou imigrante, só porque sim, isso é uma contradição absoluta com o espírito do evangelho. O que se vê nas atitudes de Jesus é que acolhe todos os pecadores. A oposição a isso é, a meu ver, antievangélica.”
Há, no entanto, uma reflexão que faz questão de deixar: “Se formos pelas contradições, qual de nós não é contraditório? Quantos de nós se preocupam com a emergência climática e continuam a gastar plásticos, por exemplo? A contradição faz parte da natureza humana.”

