O ator Adérito Lopes, agredido à entrada de um teatro em Lisboa terça-feira, descreveu o episódio como um “brutal ato de violência” e responsabilizou um grupo de extrema-direita que terá planedo o ataque. Exigiu justiça e afirmou que, por agora, não prestará declarações públicas.
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O ator Adérito Lopes preparava-se para representar Luís Vaz de Camões na peça de teatro "Amor é um fogo que arde sem se ver", da companhia A Barraca, em Lisboa, quando foi "agredido violentamente no rosto" por um grupo de extrema-direita, do qual faz parte o homicida de Alcindo Monteiro, luso-cabo-verdiano que foi espancado até à morte no Bairro Alto em junho de 1995.
Num comunicado divulgado esta quinta-feira, o artista relatou o momento do ataque. "Na minha chegada ao teatro [terça-feira], fui absolutamente surpreendido por um cruel e brutal ato de violência, totalmente gratuito, sem que da minha parte tivesse havido qualquer ação em relação à pessoa do agressor ou em relação a qualquer outra pessoa ali presente", escreveu.
Adérito Lopes acrescentou que "este vil ataque" de que foi vítima "tem de ser exemplarmente investigado e punido pela justiça, em homenagem a princípios constitucionalmente consagrados, como o do direito à integridade pessoal, aplicáveis a todos os cidadãos do nosso país". O Ministério Público já abriu um inquérito para apurar a agressão.
Nesse sentido, Adérito Lopes afirmou que não pretende, por agora tecer mais comentários sobre o ataque, reservando-se o direito de o fazer em sede própria.
"A minha posição não é motivada por medo, mas pelo facto de entender que é à justiça que cabe resolver este assunto e também por não querer transformar este incidente num trampolim publicitário ou numa oportunidade mediática a favor do agressor e/ou de grupo de que alegadamente fará parte", completou. O artista aproveitou ainda para agradecer todas as "manifestações de afeto, indignação e respeito" recebidas por parte de "colegas, alunos, encarregados de educação, professores, artistas, políticos, amigos, cidadãos anónimos, órgãos de Estado e personalidades públicas".
Para concluir, Adérito Lopes escolheu citar um verso de Luís Vaz de Camões que, "por ironia ou destino", iria interpretar na peça da companhia de teatro: "E se eu mais der a cervis, a mundanos acidentes, duros tiranos e urgentes, cale-se esta confusão; cante-se a visão de paz".