O Sínodo da Amazónia procurou desbravar novos caminhos para aquela vasta área do globo terrestre que se estende por nove países sul-americanos, com uma população de cerca de 33 milhões de habitantes.
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Apesar de os bispos, no Sínodo, terem abordado várias questões, dando destaque às ambientais, a que mereceu maior destaque por parte dos meios de Comunicação Social foi a possibilidade de virem a ser ordenados homens casados e, porventura, mulheres. Acredita-se que, se essa possibilidade for aberta àquela região do planeta, se estenderá essa práxis a toda a Igreja Católica. Perspetiva-se, assim, uma revolução na disciplina do sacerdócio.
Na verdade, não será tanto assim. Em 12 dos vinte séculos de história da Igreja, o sacerdócio foi conferido tanto a celibatários como a casados. Isto apesar de, desde o início, se ter recomendado o celibato aos que queriam servir a Igreja (Cf. I Cor. 7).
Mesmo quando o celibato passou a ser obrigatório para os sacerdotes do Rito Latino, a Igreja Católica de Rito Oriental continuou, até hoje, a ordenar homens casados. Por isso, não será muito extraordinário estender essa disciplina à Amazónia. Essa alteração foi proposta no Sínodo para garantir aos cristãos daquela região o acesso à eucaristia. Muitas comunidades ficam meses, e até anos, sem missa por falta de padres.
Esta possibilidade, que já estava presente no documento preparatório do Sínodo, apareceu no n.oº 111 do Documento Final. É o último ponto da parte que reflete sobre os novos caminhos para os ministérios na Igreja. Antes de chegar aí, propõe-se a criação de novos ministérios, a renovação da vida consagrada dos religiosos e religiosas e o diaconado permanente.
Nesta parte do documento reflete-se sobre a presença da mulher na Igreja. Para além de recomendar mais estudos sobre a ordenação de mulheres diácono, o Sínodo sugere que se permita o acesso da mulher ao ministério do leitor e do acólito (que formalmente ainda lhes está vedado, embora seja exercido em muitas comunidades). O documento pede, também, que seja criado o ministério da "mulher dirigente da comunidade".
Tais alterações seriam, elas sim, revolucionárias. Padres casados sempre houve na Igreja - mas o reconhecimento do papel da mulher na vida da comunidade, garantindo-lhe o acesso aos ministérios e, porventura, ao diaconado, como propõe o Sínodo da Amazónia, isso seria uma novidade! Continuaria a vigorar uma discriminação, por não se permitir o seu acesso ao sacerdócio. Mas seria um primeiro passo nessa caminhada.
Padre