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Confesso a minha incapacidade em lidar com o sofrimento alheio, a qual aumenta quando em causa estão crianças e jovens, muitas vezes totalmente indefesos, seja por circunstâncias ambientais, económicas ou sociais. Mas pior ainda quando em causa estão crianças e jovens com limitações causadas pela doença, circunstancial ou congénita. Por isso aprecio as muitas organizações de caráter social, em que pessoas dedicam o seu tempo a dar conforto e tratamento a todos os que dele necessitam.
Admiro as organizações que se dedicam a tentar recuperar jovens em fim de linha da integração social, que a escola já considerou como perdidos, em muitos casos até já sem enquadramento familiar. Em que as entidades em causa lutam com grande falta de meios, fazendo de cada dia um momento único do seu objetivo da recuperação de um jovem para a sociedade, enquanto valor sagrado que cada pessoa constitui. Como admiro ainda as instituições que não deixam abandonadas as crianças que, por motivos muito diversos, ficam impossibilitadas de continuar no seu ambiente familiar.
Senti-me esmagado quando visitei instituições que cuidam de crianças gravemente doentes, com fortíssimas limitações físicas e, ou, cognitivas, em que é tocante o carinho e amor que se sente em cada colaborador pelas vidas que estão encarregados de cuidar. E estas instituições existem e trabalham arduamente dia e noite para que nada falte aos seus utentes, na esmagadora maioria dos casos em perfeita comunhão de esforços com os seus responsáveis e gestores.
Valorizo ainda o trabalho secular e incansável que muitas misericórdias fazem faz séculos, em prol dos que mais sofrem e necessitam de apoio. Geridas na maioria dos casos sem qualquer proveito para os seus responsáveis, pessoas que se dedicam a essa causa de alma e coração, nada esperando em troca do seu esforço pelo bem comum.
Continuo por isso com a convicção de que a maioria das entidades sem fins lucrativos ligadas à economia social prestam um serviço inestimável à sociedade. Espero por isso que não sejam os casos de epifenómenos de deslumbramento mundano a colocar em causa todo um modelo útil, mesmo indispensável, para a sociedade. Em especial quando está em causa o dia a dia de crianças indefesas por profundas limitações físicas e emocionais. Porque são crianças, Senhores!
Continuo com a convicção de que a maioria das entidades sem fins lucrativos ligadas à economia social prestam um serviço inestimável à sociedade.
* PROF. CATEDRÁTICO, VICE-REITOR DA UTAD