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A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), publicou recentemente uma publicação que resume os principais factos que caracterizam a nossa população jovem.
Por estes, percebemos claramente o que é estrutural, o que foi provocado pela crise e aquilo que, apesar de tudo, nos deve manter esperançados.
De uma forma ou de outra, no entanto, o tema devia estar presente nas estratégias dos nossos governantes e ser discutido nas nossas campanhas eleitorais, designadamente na que se avizinha e que envolve aqueles que tantas vezes mais fazem para os reter no seu território: os autarcas.
Do lado do que é estrutural saltam à vista dois factos inelutáveis: somos mais velhos e nascemos cada vez menos.
Há 144 idosos para cada grupo de 100 jovens menores de 15 anos. Cada mulher tem em média 1,3 filhos, ratio que nos coloca no último lugar dos 28 países da UE.
É uma comunidade concentrada no litoral porque só têm filhos os que têm emprego e só há emprego nas zonas de alta densidade e respetivas periferias. A agravar tudo isto os efeitos da crise. Há 102 000 jovens desempregados. A taxa de emprego é apenas de 40%, a sexta mais baixa da Europa a 28.
Nos jovens até aos 18 anos, o risco de pobreza em Portugal atinge os 30%, o 10.º mais alto da Europa a 28. Há 120 404 jovens a receber o rendimento social de inserção.
Há, no entanto, algumas razões de esperança.
A emigração temporária (menos de um ano) e permanente (mais de um ano) está a decrescer, depois de um aumento expressivo sobretudo a partir de 2013.
A taxa de escolarização já atinge os 97% no 1.º Ciclo, os 89% no 2.º Ciclo e os 87% no 3.º Ciclo.
Portugal é ainda o quinto país com mais abandono escolar na Europa a 28 mas tem descido significativamente.
Em 1992, quase 60% dos jovens, homens e cerca de 45% de jovens mulheres, dos 18 aos 24 anos, estavam fora do sistema de ensino sem o Secundário, o que compara com 17% e 11%, respetivamente em 2016.
O acesso à Internet, numa sociedade que se diz e quer cada vez mais digitalizado, é outro indicador onde os nossos jovens estão na frente. À pergunta "Onde é maior a utilização da Internet pelos jovens, por países da UE28?", Portugal aparece em segundo lugar ex-aequo com países como a Alemanha e Dinamarca.
Insisto: a demografia é o nosso maior problema. E nós distraídos com décimas do PIB.
* ANALISTA FINANCEIRA