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Depois de toda a tragédia que nos emudece, e no meio da barulheira que a cena político-partidária parece não ter condições de dispensar, é difícil aferir a qualidade das escolhas ou a eficácia de algumas medidas no terreno.
E, no entanto, há escolhas bem feitas e medidas que parecem estar a ser corretamente operacionalizadas.
A escolha do secretário de Estado da Proteção Civil é uma delas. Tive o gosto de poder seguir de perto o seu trabalho à frente da Câmara de Arouca nos vários anos em que integrei a presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e, mais recentemente, enquanto consultora da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria que abrange também o Município de Arouca.
Artur Neves é um profundo conhecedor dos desafios que se colocam à gestão do território com primazia para o vazio de respostas deixado por uma administração centralista, que impõe aos autarcas presença no terreno, capacidade de decisão, criatividade de soluções e instinto de coordenação.
Exerceu sempre as suas funções, no quadro municipal e metropolitano, assumindo as exigências do nosso imperfeito desenho político-administrativo sem perder uma inegável capacidade de concertação e uma irrepreensível urbanidade.
Acresce, o mais importante, que geriu durante anos um território densamente florestado, suporte de uma economia rentável de natureza agroflorestal e industrial.
Tem, portanto, um profundo conhecimento da floresta, dos seus usos e das suas ameaças bem como do sistema de resposta montado e de todas as suas expostas vulnerabilidades.
É, objetivamente, uma excelente escolha e não deixará de o demonstrar.
Do lado das medidas operacionais no terreno, parece haver também sinais de alguma mudança.
A perda de rações para os animais foi um dos principais problemas resultantes dos incêndios de 15 de outubro. Pelo que li na Imprensa o problema já está a ser eficazmente atacado. O Estado comprou rações, o Exército criou um conjunto de bases logísticas que servem grupos de concelhos das áreas atingidas e, daí, o mesmo Exército transportará as rações, numa rede mais capilar, para junto dos agricultores. Faz sentido e foi feito rapidamente. É um alívio! E um alívio, por estes dias, não é um bálsamo, é um impulso!
* ANALISTA FINANCEIRA