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No início de um novo ano, é natural que todos estejam especialmente atentos ao que poderá mudar, ao que vai manter-se, e ao que não vai surgir nos próximos 12 meses. Quem acredita no poder dos astros anseia por previsões. Não é isso que obviamente vou fazer. O meu exercício vai passar apenas pelo elencar de um conjunto de questões. Umas estão na cabeça de alguns. Outras resultam do bom senso.
A primeira pergunta é óbvia: no próximo ano haverá eleições? Mas relacionadas com esta existem todo um conjunto de outras que não são despiciendas. Vejamos, então.
Quanto aos pressupostos, as dúvidas são imensas. Poderá uma moção de censura aparecer? Em que altura do ano? Haverá condições para a sua aprovação? Será que todos os partidos da Oposição vão esperar pelo Orçamento para 2012 e chumbá-lo? O desequilíbrio das contas públicas será tão severo que obrigará à dissolução do Parlamento? O Governo pondera apresentar uma moção de confiança?
Passada esta fase, surgem as questões relacionadas com as alternativas. A apresentação de uma moção de censura por parte de um dos partidos da parte direita do arco parlamentar será feita com base em pré-condições programáticas ou eleitorais? Será esse o primeiro ponto na construção de uma alternativa credível e estável ao actual poder? Terminada a fase Sócrates, existirão as condições necessárias para um Governo com apoio parlamentar por parte dos partidos de Governo?
Mas, no plano partidário, ainda há mais. Como se vão comportar os partidos à esquerda do PS? Teremos no próximo ano alterações nas lideranças partidárias? Quem se vai disponibilizar para cumprir as exigentes funções de Governo? Como se vai organizar o centro-direita?
E, para além desta tormenta, convém saber que existem outras questões. O FMI vai ser chamado pelo Governo português? Vão existir mais e novos problemas na Zona Euro? A moeda europeia vai resistir?
Enfim, o exercício poderia continuar, mas felizmente o espaço é reduzido. Resta, então, desejar um bom ano com saúde e esperança no futuro.