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É um clássico a cada final de ano fazer-se um balanço do que correu bem, dos insucessos, bem como dos objetivos alcançados. Este ano a tarefa está, infelizmente, facilitada. Na área do MAI e no que respeita às Forças de Segurança (PSP/GNR), 2023 conseguiu ser pior do que uma “mão cheia de nada”. Foi um rude golpe na motivação dos profissionais destas polícias.
Passada a estupefação inicial e superada a, mais que justa, indignação, o tempo agora é de pensar o amanhã. Não sendo dotados de um irritante otimismo, optamos por, dentro da isenção de que somos capazes, refletir sobre o atual estado do modelo de segurança interna.
Já todos o sabiam, mas em 2023 ficou provado que a PSP não tem capacidade de atrair candidatos. E o que foi feito para reverter esta realidade? Nada. O envelhecimento dos quadros da PSP é uma outra realidade. E o que foi feito para reverter esta outra realidade? Nada.
Numa época que se acenam os fantasmas de infiltração de forças extremistas nas polícias, o que foi feito para evitar esses fenómenos? Cavou-se ainda mais a diferença entre as polícias.
A constante discriminação negativa a que são sujeitos os profissionais da PSP é terreno fértil para todas as infiltrações que ninguém deseja.
Este ano vão-se realizar importantes eleições em Portugal. Temas como a saúde e educação, porque transversais e com atenção mediática, vão seguramente ter centralidade no debate político. Porventura, se tal significar votos, a segurança interna também terá direito a alguns minutos de atenção.
Mas seja a educação, seja a saúde, ou a justiça, nenhum destes setores verá os seus problemas resolvidos se não existir segurança e esta atravessa a maior crise de que há memória.