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Há três anos, na serra da Agrela, em Santo Tirso, assistimos à morte de cerca de uma centena de animais em dois abrigos ilegais.
Este acontecimento foi marcado pela falta de um plano de resgate animal por parte da Proteção Civil, pela inoperância da Câmara Municipal e pela GNR ter feito uma barreira aos particulares que acudiram ao local para salvar os animais, entre os quais médicos-veterinários e associações de proteção animal, sob o pretexto de se tratar de propriedade privada e de as proprietárias recusarem a entrada de pessoas e a saída de animais. O processo ora reaberto nos tribunais acabará por trazer alguma sensação de justiça. Pelo menos é isso que espera quem não vai esquecer aquilo a que assistiu.
Num apelo por políticas e justiça para os animais, será organizada uma ação no dia 21 de julho, às 21 h na Praça 25 de Abril, em Santo Tirso. A ação contará com a instalação de uma peça de arte urbana, simbolizando a homenagem aos animais vítimas da inação política e das autoridades e estará subordinada ao tema “Não esquecemos: queremos políticas e justiça para os animais!”.
Esta ação pretende influenciar políticas com vista à implementação de medidas efetivas para proteger os animais e garantir que tragédias assim não se repitam. Quer também alertar para a necessidade de estratégias de prevenção em catástrofes como os incêndios que, por ausência de planos eficientes, se revelam fatais para pessoas e para outros animais (que não apenas os de companhia): veja-se o elevado número de animais que morre carbonizado em produções pecuárias intensivas ou o impacto dos incêndios nos animais selvagens e na biodiversidade, o que recorda a necessidade de uma visão estratégica para os centros de recuperação de animais selvagens, os quais, com parco investimento do Governo e com muito voluntariado, têm salvo mais de 5000 animais selvagens por ano. Termino este artigo com uma esperança renovada devido à aprovação da Lei do Restauro da Natureza, após várias organizações ambientalistas portuguesas terem entregado uma carta aos eurodeputados na qual defendiam que Portugal (e todos nós) temos muito a ganhar com uma Lei do Restauro da Natureza.