Corpo do artigo
Há poucos dias no calendário que sobrevivem além da data
Que passam a ter nome próprio
Ainda que seja número
Sem ser preciso dizer sequer
o ano
Como aquelas pessoas que de tão célebres dispensam o sobrenome.
Zeca é Zeca.
Sophia é Sophia.
Amália é Amália.
De tão grandes não se esgotam na sua circunstância
Transbordam para além dos
limites do tempo e da
existência
Ocupando os dias todos
Os anos todos
Mudando tudo para existir
daí em diante
Acima de todos os detalhes.
É por isso que 25 de Abril é
sempre
E não apenas um dia em 365
Todos os anos
Ou aquele dia ímpar de 1974
(Ainda que esse dia tenha sido
o mais longo, o mais profundo,
o mais inesquecível da nossa
história comum).
25 de Abril é sempre porque
é hoje
É a promessa em curso
É o trabalho em mãos
É a utopia em eterna realização
É um propósito inacabado para cumprir todos os dias
É todo o caminho feito e por fazer
Como se aquela madrugada se
renovasse a cada crepúsculo
Para nos dar a oportunidade
de tentar tudo de novo
Com a certeza de que a Liberdade é um exercício quotidiano
(E não uma conquista)
E que o 25 de Abril somos todos
(E não uma efeméride).
25 de Abril Sempre!
E mais do que nunca
Porque a cada renovar de votos
Se arregaçam mais as mangas
E nos brilham mais os olhos
Sempre postos no Abril que
há que fazer amanhã.