Corpo do artigo
A Assembleia Municipal do Porto (AMP) foi notícia, há uma semana, pelo facto de o seu presidente, mal, ter pedido a intervenção da polícia municipal para expulsar uma cidadã que, com toda a urbanidade, criticou o presidente da Câmara Municipal do Porto pelas posições que este (não) tem assumido relativamente à agressão de Israel ao povo palestiniano.
Esta inaceitável e censurável atuação do presidente da AMP não pode fazer-nos esquecer o que a munícipe e um outro cidadão foram denunciar à assembleia: o facto de um bando de energúmenos, provavelmente cidadãos israelitas, aparecerem amiúde na vigília diária pacífica que tem sido organizada na Praça de Humberto Delgado em solidariedade com o povo palestiniano. Com agressões verbais e físicas aos manifestantes presentes (que, aliás, estão filmadas em vídeos disponíveis nas redes sociais). Os agressores passam várias vezes de carro pelo local, tirando fotografias aos presentes que, depois, têm sido “apanhados”, isoladamente, na via pública, perto das suas residências, e agredidos! Uma situação inadmissível, esperando-se que as forças de segurança, a quem foram apresentadas queixas e elementos identificativos destes energúmenos, estejam a atuar.
Quando ouvia os relatos destes dois munícipes lembrei-me que, no final da década de 70, quando, adolescente, andava no Ensino Secundário, havia grupos neonazis (principalmente nas escolas Rodrigues de Freitas, António Nobre e Garcia de Orta) que atuavam do mesmo modo, perseguindo e agredindo estudantes de Esquerda, principalmente os comunistas. E não esqueço que, em 1978, para comemorarem o 25 de Novembro, desfilaram pelas ruas da cidade, fazendo a saudação nazi, ostentando suásticas, gritando “Morte ao comunismo” e semeando a violência por onde passaram. Só nesse dia assaltaram as sedes do PS (Rua de Cal Brandão), da Juventude Comunista (Serpa Pinto), da UDP (Oliveira Monteiro) e tentaram invadir a Cooperativa do Povo Portuense, onde atuava a Seiva Trupe.
Muitos dos que participaram nestas marchas estão hoje na primeira linha das “comemorações” do 25 de Novembro. Pelo que é risível que o seu objetivo seja, como apregoam, o de defender a democracia. De facto, hoje como ontem, o objetivo é, apenas, amaldiçoar o 25 de Abril. Cujo significado e conquistas ainda lhes doem...…

