Corpo do artigo
Se em 1986 me perguntassem quais as minhas expetativas para os primeiros 30 anos de Portugal na União Europeia, o meu discurso seria naturalmente otimista e falaria de um conjunto de oportunidades de crescimento local, regional e nacional. Agora, que se assinala a efeméride, confirma-se que desta união resultaram avanços muito significativos no país. Portugal soube integrar-se no contexto europeu e tirar partido das oportunidades comunitárias.
Construímos uma rede de estradas que não existia, tal como acontecia para o abastecimento de água, saneamento básico e tratamento de resíduos sólidos. Investimos nos hospitais e em estabelecimentos de ensino, desde creches a instituições de Ensino Superior. Viveram-se tempos de ouro para o setor da construção e da habitação. O aumento do nosso poder de compra permitiu que a Banca florescesse. Nos indicadores económicos, o turismo ganhou cada vez mais destaque, o comércio internacional ganhou uma nova vida e aproximamo-nos de mercados externos que na década de 80 desconhecíamos. Os anos 90 marcaram a velocidade cruzeiro do crescimento europeu alavancado pelos apoios comunitários e, mais tarde, travado pelo efeito da globalização nos mercados e da crise internacional.
A crise profunda e o resgate financeiro a Portugal criaram, todavia, um contexto para a crítica fácil e generalista da aplicação dos fundos. Em Portugal o PIB per capita ainda é inferior à média comunitária, sendo a Região do Norte, segundo este indicador, a mais pobre do país. Mas é também um facto que em 30 anos investimos em infraestruturas básicas, sem as quais não teríamos qualidade de vida, nem bases mínimas para ser competitivos.
Mas fazer apenas um balanço do que mudou nestas últimas três décadas não é suficiente. Temos de ser capazes de definir novos e mais audazes objetivos para o projeto europeu e de fazer mais e melhor. Desde logo, continuando a investir na recuperação e na qualificação do emprego. O caminho europeu tem de ser o de apoiar a aposta das empresas na inovação, incentivando a transferência de conhecimento para o tecido produtivo.
Confio que daqui a 30 anos teremos um país com um sentimento de pertença à União Europeia ainda mais enraizado e em que o orgulho em ser europeu será ainda mais patente nos portugueses. A Região do Norte contribuirá certamente para esse espírito europeu.
Temos de ser capazes de definir novos e mais audazes objetivos para o projeto europeu e de fazer mais e melhor, continuando a investir na recuperação e na qualificação do emprego