Faz hoje 34 anos que o meu pai faleceu!
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Eram 8 horas da manhã, quarta-feira, 16/4/1986, quando (antes de regressar a Lisboa, onde vivia desde 1976), sentado no lugar que era o dele, na sala onde guardava e exibia tudo o que o (nos) pudesse ligar ao Benfica, na minha casa do Porto, recebi um telefonema, do Hospital de Santo António, onde o meu pai estava, desde a sexta anterior, a recuperar de um enfarte, a dar-me a notícia. Como se o local fosse para eu perceber o que me seria exigido na formação dos filhos que teria, seguindo o seu exemplo, muito especialmente nesta relação com o Benfica.
Nasci no Porto, como o meu pai, que por lá viveu sempre, mas desde que tenho memória de mim mesmo - eu, sócio desde que nasci - sempre percebi que ser do Benfica era uma relação de pertença... transcendental!
Nas inúmeras viagens pelo Norte, para ir ver o Benfica, em futebol, andebol, basquetebol, hóquei, vólei, andebol de 11, hóquei em campo, a caminho de Lisboa para noites europeias ou jogos do campeonato, nas férias passadas por aqui, decididas depois de fixado o calendário do início da época, para vermos o maior número de jogos possíveis e, até, nas viagens lá fora onde era obrigatório ir onde o Benfica tinha jogado anos ou meses antes (quase sempre com o hino ou outras músicas do Benfica por companhia)!
Ou quando o acompanhei, no 12.º aniversário do Estádio da Luz, em dezembro de 1966, por ser, então, presidente do Sport Viseu e Benfica!
Uma paixão sua, de jovem, confirmada com a Taça Latina, com fins de semana em Lisboa, para ver jogar o Benfica, com as duas Taças dos Campeões Europeus, com o futebol de Eusébio dos anos 1960, com o regresso a uma final (a da Taça UEFA, a 18/5/1983), contra o Anderlecht, na Luz, em que, pela primeira vez o vi chorar (a outra seria a 15 de abril de 1986, quando, ao fim da tarde, no hospital, me despedi dele, nesse seu último dia de vida).
Desse abraço com lágrimas - em pleno Estádio da Luz - ficou a promessa de voltarmos a uma final e ganharmos.
É esse o compromisso a que não posso faltar.
Com o meu pai... mas, porque a memória é tão importante para o passado como para o futuro, com os meus filhos!
E com mais alguém a quem fiz essa promessa!
Como com todos os que acreditam que é possível ganhar na Europa, se acabarmos com as comissões dos negócios de milhões com os que nos ganham... na Europa.
Porque - como dizia o Jerónimo Almeida Mendes, que tantos tratam, no mundo a vermelho e branco, por Viriato de Viseu e que ontem fez 75 anos - "No Benfica, a certeza nunca morre"!
*Adepto do Benfica