Na véspera do primeiro aniversário da guerra da Rússia contra a Ucrânia, Vladimir anuncia o Satanás. O II. O míssil capaz de transportar múltiplas ogivas nucleares. Uma intimidação em forma de balázio.
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Ao Satanás junta-se Kinzhal e Tsirkon. Hipersónicos. São mísseis para atacar a partir dos céus e dos mares. Outra ameaça. Mais uma.
Volodymyr Zelensky não tem o Satanás, mas tem as redes sociais. Todos os dias, está lá. É a sua arma mais poderosa. Tão ou mais poderosa do que discursar no Parlamento de diversos países europeus e no Congresso dos Estados Unidos. "Todo o terror, todos os assassinatos, todas as torturas, todos os roubos" são partilhados com o Mundo que vive em liberdade.
Passaram 12 meses desde o dia em que nos confrontámos com o que poucos acreditavam ser possível: que a Europa vivesse tamanho recuo civilizacional. Vive há 365 dias consecutivos. Aprendeu a viver. A guerra atingiu um dos seus maiores perigos. A banalização. Tornou-se parte do dia.
É, portanto, indispensável não perdermos referências básicas, como o combate à guerra, à fome, à doença, à homofobia, ao ódio, ao racismo, etc. Sobretudo quando não precisamos de muitas análises geopolíticas para constatar que a paz na Ucrânia está longe.
Ao fim de um ano, a guerra pode parecer mais distante para cada um de nós, ainda que esteja presente no nosso dia a dia. É verdade que estamos mais assustados com as subidas sucessivas das taxas de juro, com os custos da energia e com a escalada dos preços dos produtos alimentares do que com a guerra. Mas que este tempo não nos desconecte com os valores humanos nem alimente qualquer espécie de egoísmo. Porque é precisamente esse egoísmo que distingue os homens bons dos maus, as vítimas dos agressores, os honestos dos bandidos.
*Diretor-adjunto