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Um perdão fiscal não devia ter perdão. É vender a alma ao Diabo por umas décimas, é trair quem teve de comer o pão que o Diabo amassou para cumprir as suas obrigações. O Governo de Costa não foi o primeiro a usar este expediente de maquilhagem das contas públicas: já que não se consegue arranjar as fundações, pinta-se a parede à última hora para inglês ver - perdão, os ingleses já não querem ver.
Imperdoável também, ou pior ainda, é que empresas que apresentam quase mil milhões de lucro e outras do PSI-20 possam ter acesso a este regime. Assim é o Estado português, dá-se ao luxo de perdoar dívidas fiscais a quem as pode pagar.
Não notei que tivesse havido especial sobressalto em Portugal com esta bizarra particularidade. Mas suponho que seja isso que querem, que se desvie a atenção, enquanto eles, os que conhecem e dominam a teia em que enredam o nosso país, se mantêm sempre atentos. É por isso que Portugal "é um dos países mais desiguais" ao nível dos salários, segundo a OIT. Não lhes perdoem, eles sabem sempre o que fazem.
* JORNALISTA