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Neste ano celebramos 40 anos da assinatura de adesão de Portugal à CEE – Comunidade Económica Europeia. Anunciada por Mário Soares, logo em 1976, e considerada pelo Governo de Sá Carneiro, em 1979, como a prioridade das prioridades, a entrada de Portugal na Europa colocava ao regime democrático vários desafios. Desde logo a consolidação de um regime parlamentar liberal assente no primórdio das eleições livres e da economia do mercado.
Eram os tempos em que a guerra fria estava a acabar e Portugal tinha vencido o errático PREC e cujas consequências estavam ainda, naquele momento histórico, a sentir-se. Em 1982, já a primeira revisão constitucional tinha aperfeiçoado o sistema político português e depois, em 1989, uma nova revisão veio consagrar a livre iniciativa privada e a economia de mercado para se procurar continuar a realizar o abril democrático.
Estes quarenta anos alteraram muito o país graças aos fundos estruturais da União Europeia. Certo é que fizemos erros e, muitas vezes, não soubemos gerir da melhor maneira os recursos disponibilizados pela UE. Contudo, temos hoje melhores infraestruturas, tornamos o país mais pequeno na sua distância e integramos uma comunidade com 27 estados.
Estamos na Zona Euro, tivemos de responder com um pedido de ajuda externa e estivemos nos grandes momentos da alteração do modelo institucional. O tratado atual é conhecido como Tratado de Lisboa, cidade que emprestou o seu nome para a conclusão desse processo. Hoje, por todo o lado, sentimos apelos a discursos de ódio, de racismo ou de crítica aos direitos humanos, bem como a algum euroceticismo cuja principal razão reside na desconfiança que teve como consequência a saída do Reino Unido.
Os próximos tempos portugueses na Europa serão de incerteza, consequência de um Mundo que está a procurar uma nova ordem que se afaste do paradigma da II Guerra Mundial. Com uma nova atitude do seu parceiro do outro lado do Atlântico, a Administração Trump, a Europa tem de se preparar para uma nova atitude no âmbito da sua política de defesa. Portugal parece pronto para este desafio, em que o seu “soft power” poderá ser decisivo graças à nossa experiência de saber lidar com outros povos noutras geografias, seja em África, nas Américas ou na Ásia.
Com o desafio do alargamento de 27 estados-membros para 35, a Europa, que Portugal conheceu em 1986, já não será a mesma que iremos avaliar quando celebrarmos 50 anos. Esperemos que até lá o PSD e o PS continuem a saber preservar as suas responsabilidades históricas.