Corpo do artigo
Há 50 anos, Abril trouxe consigo a democracia e por inerência um Estado de direito democrático assente em princípios constitucionais onde todos passaram a ser iguais e
a merecer igual tratamento. Todos, sem preconceitos ou estereótipos, passaram a estar sujeitos aos mesmos direitos e deveres. Todos passaram a ter igualdade de oportunidades e tratamento equitativo, assim se lutou e assim se conquistou!
Com Abril de 1974, chegou um 1.oº de Maio pujante, como nunca se tinha visto ou voltaria a ver. Todos os trabalhadores e as correspondentes organizações sindicais
passaram a ter voz e ferramentas de reivindicação. Todos por igual, na mesma medida e proporção.
50 anos depois, todos estamos melhor…mas nem todos foram afetados em igual proporção.
Continuamos a ter um grupo de profissionais sem as mesmas ferramentas reivindicativas, desde logo o direito à greve, sem o mesmo direito de oportunidade de progressão nas carreiras, castrados estatutariamente, sem direito a contrapartidas financeiras pelas horas extraordinárias…
Este grupo, e refiro-me obviamente aos polícias, os das forças de segurança e só destas, veem-se assim num cenário de tratamento desigual que só encontra paralelismo proporcional nos deveres e escrutínio a que estão sujeitos.
Objetivamente, sem entrar no debate que já se impõe há pelo menos 50 anos, sobre trabalhadores que se sujeitam a direitos negativamente diferenciados, os polícias têm mais deveres e menos direitos que os demais portugueses e, pior ainda, que os demais atores de todo o sistema de segurança interna. Isto não é mera retórica, é uma evidência.
Até lá, estes diferenciados estarão na primeira linha de defesa das conquistas democráticas.