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A China comemorou, com uma grande parada militar, o fim da II Guerra Mundial, depois da rendição do Japão.
Em Beijing, Xi Jinping reuniu um conjunto de chefes de Estado e de Governo de vários países. Obviamente o destaque teria de ir para "o eixo do mal" com a Rússia, a Coreia do Norte e o Irão. Também lá estavam presentes a Eslováquia, membro da NATO e da União Europeia, e a Índia que só participou na Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai. O presidente chinês apelou apara "um mundo multipolar e uma globalização económica inclusiva" Os dez estados-membros dessa organização representam cerca de 42% da população mundial. Compreendemos onde assenta a influência chinesa.
Em 2025, o Mundo livre assinala 80 anos do final da II Guerra Mundial, que criou uma ordem liberal, assente num Pacto do Atlântico, cuja maior expressão foi a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
O fim do Muro de Berlim, em 1989, parecia trazer um novo ajustamento dessa ordem quando abruptamente a Rússia a fez cair aquando da invasão, em fevereiro de 2023, da Ucrânia.
A última eleição de Donald Trump veio colocar, definitivamente, em crise essa ordem mundial liberal que a recente parada militar chinesa evidenciou e onde já está claro o papel secundário da Organização das Nações Unidas.
As fronteiras dos estados voltaram a ser postas em causa, como tantas vezes aconteceu ao longo dos tempos. Disso vai depender a paz entre a Ucrânia e a Rússia, onde o agressor pretende conquistar ainda mais terreno. Certo é que Vladimir Putin acena agora com a possibilidade de autorizar uma adesão ucraniana à União Europeia.
Aqui chegados, já vamos vendo alterações na geografia mundial de influência, permitindo aos Estados Unidos importunar, na zona das Caraíbas, a Venezuela.
Entretanto, Donald Trump alterou a denominação do Departamento da Defesa para Departamento da Guerra, recuperando uma terminologia abandonada após o conflito mundial. Pese embora ninguém ter compreendido o motivo, não deixa de salientar uma vontade política.
Neste mundo que parece vai ser multipolar, qual será o papel da União Europeia?
Em crise com o seu tradicional aliado, os Estados Unidos, vai ter de preparar a sua defesa e articular-se, cada vez mais, com o Reino Unido no quadro da NATO. A crise política que parece atravessar a França e o Reino Unido deixa algumas dúvidas em como poderá ser feito este processo de enquadramento nessa nova ordem. Uma ordem onde o Japão, a Coreia do Sul, o Canadá e a Austrália querem ter uma palavra importante.
Portugal neste contexto também terá de acompanhar a reflexão europeia. Habituem-se porque vem aí um Mundo diferente e onde a diplomacia de ação voltou.