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São 90 os metros que todos os dias percorremos distraidamente nos feeds das redes sociais. O número é surpreendente e passa despercebido face à sedução que entretém o nosso cérebro.
Esses 90 metros equivalem à altura da Estátua da Liberdade, compara a Ordem dos Psicólogos, num guia, lançado esta semana, para ajudar a combater a desinformação nas redes sociais. Que oportuno é.
Embora esta “viagem” diária por essa distância pareça inofensiva, na verdade, não o é. O percurso tem tanto de apaixonante como de perigoso. A desinformação é um tema recorrente, mas nunca desnecessário. Em tempo de campanha eleitoral, vale mesmo a pena refletir nos números apresentados pela Ordem dos Psicólogos.
Entre os assuntos onde se encontra mais desinformação destaca-se a política (28%). Afeta-nos a todos, independentemente do nível de escolaridade, idade ou género. E vem de todo o lado. Não só de bots, mas também de pessoas que conhecemos – “que acreditam no que partilham e o fazem sem intenção de enganar”, alerta o guia.
Dos EUA ao Brasil, passando pelo alarmante caso das eleições na Roménia no ano passado, que foram anuladas por manipulação dos eleitores através das redes sociais, as estratégias para moldar narrativas e minar a confiança nas instituições de forma a influenciar o sentido de voto são as mesmas.
Em conclusão, é cada vez mais fácil ser-se enganado. Nesses 90 metros diários de scroll, o que escolhemos acreditar pode ter um impacto muito maior do que imaginamos, sobretudo em tempos das verdades alternativas trazidas pelas campanhas eleitorais.