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O cantinho do mundo, sem sobressaltos, onde Portugal está implantado, parece ter quebrado. De facto, as recentes tempestades Ciarán e Domingos evidenciaram que o nosso país tem, hoje, novos desafios.
Ventos muito fortes e chuvas intensas causaram impactos significativos e incomuns no norte de Portugal.É tempo de medidas estruturais. Não basta falar sobre as alterações climáticas, construir belas narrativas e nada fazer! Os impactos são enormes no território, na agricultura, nas habitações, nas cidades, nas vidas.
Nesse contexto, são fundamentais políticas que mitiguem os impactos negativos destes fenómenos meteorológicos imprevistos.
Várias são as medidas a tomar, desde a defesa das áreas costeiras à limitação de edificações em áreas de risco, à renaturalização das linhas de água, passando por novos modelos de engenharia, com construções mais resilientes.
Mas o meu foco de hoje é a gestão dos recursos hídricos. Não compreendo como não existe uma estratégia de construção de pequenas bacias de retenção no norte do país, para reter parte das chuvas para os períodos de seca. Estamos com água por todo o lado e nada fazemos.
Essas bacias de retenção permitiriam coletar e armazenar, durante as tempestades, evitando inundações e a erosão do solo. Recarregariam, ainda, os aquíferos subterrâneos, contribuindo para a preservação da água potável. Teríamos água para a agricultura e, quem sabe um dia, para abastecer o sul do país.
Urgem políticas nacionais fortes e focadas no recurso mais desejado do futuro, a água, para reduzir os impactos negativos de fenómenos meteorológicos imprevistos, e melhorar a resiliência dos territórios e da vida humana.
* Especialista em Mobilidade Urbana