Faz hoje precisamente uma semana que aqui contei aos estimados leitores o pesadelo que tinha tido sobre a constituição de uma nova geringonça de Esquerda, agora com Pedro Nuno Santos em vez de Costa.
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Tudo isto no rescaldo de uma noite eleitoral em que o PSD de Rui Rio tinha sido o vencedor, mas sem ter existido uma maioria de deputados de Direita e Centro-Direita.
Nem de propósito, a sondagem que o nosso JN publicou ontem traça um cenário provável muito idêntico ao que esteve na base do meu pesadelo, apesar de admitir no limite uma maioria de Direita.?
Já toda a gente está farta de saber (e eu farto de escrever) que as sondagens, lá está, valem o que valem, mas na antecâmara destas eleições nunca as novas tecnologias estiveram tão ativas. Além das sondagens de sempre, agora temos "votómetros", "coligadoras", "tracking polls" diárias e toda uma parafernália de números, previsões, análises e comentários que tornam a vida muito difícil aos que tentam resistir a qualquer tipo de influência na sua decisão de voto.
Claro que não se percebe facilmente como é que as previsões de votação nos dois principais partidos, PS e PSD, possam oscilar diariamente três ou quatro pontos, ainda por cima um dia a subir e outro a descer. Tal como custa um bocadinho a acreditar que uma diferença inicial vantajosa para o PS em mais de nove pontos se tenha transformado numa aparente atual desvantagem de três ou quatro.
Seja como for, se há uma conclusão unânime?em todos os indicadores que se tem mantido constante ao longo das últimas semanas é a convicção de que a maioria absoluta desejada por PS e PSD está fora de qualquer previsão.
Assim sendo,?imagino e compreendo aquilo a que chamaria a angústia para votar do eleitor de Direita e Centro-Direita. A sua dúvida prende-se agora com a questão de saber se os partidos da metade direita do espetro eleitoral, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e até o Chega (mesmo sabendo que a sua adesão a uma solução de governabilidade não é um dado adquirido), conseguirão ou não somar os 116 deputados necessários para apoiar um Governo liderado por Rui Rio.
Aqueles que tenham esta convicção como certa sofrem de uma angústia menor, porque um voto em qualquer destes partidos deverá levar Rui Rio a primeiro-ministro, mesmo que seja o PS a ganhar as eleições. Já aqueles outros, que julgo serão bem mais, que não acreditam nessa maioria, poderão ser levados a votar no CDS, na IL ou até no Chega, com a dupla convicção de que o seu voto à Direita nunca se perderá, mas também não contribuirá para o tal cenário de pesadelo em que o PSD ganha as eleições, mas a nova geringonça é que vai para o Governo.
Esta angústia para votar vai acontecer essencialmente nos círculos eleitorais de Lisboa, Porto, Aveiro e Braga, onde se imagina que estes quatro partidos tenham hipóteses de eleger deputados.
*Empresário