A Associação Comercial do Porto nos 190 anos
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São quase dois séculos de existência e muita história para contar. Desde a sua fundação, concretizada na véspera de Natal de 1834, a Associação Comercial do Porto (ACP-CCIP) seguiu um trajeto fiel aos seus propósitos essenciais, que se regiam pelo comércio livre e pelo desenvolvimento social e económico na região.
Com esse desígnio estratégico sempre presente, financiou projetos indispensáveis à comunidade de negócios do Porto, em domínios como o transporte marítimo ou ferroviário. Fundou os primeiros bancos e entidades seguradoras na cidade, além de ter acolhido a Bolsa de Valores durante mais de um século. Aportou conhecimento e valor, com a instalação de escolas comerciais e a criação do Centro de Estudos Económicos e Financeiros. Estudou a navegabilidade do Douro Superior, a introdução da alta velocidade e a otimização do sistema aeroportuário nacional.
A ACP-CCIP fez tudo isso sem abdicar da sua independência e de ter uma voz autónoma na sociedade portuguesa, muitas vezes contrariando as posições dominantes do establishment de cariz centralista. Foi esse inconformismo, por exemplo, que a levou a propor o estudo Portela+1 ou, mais recentemente, a tentar travar a injeção de capital público numa empresa que considerámos falida e irreformável, de seu nome TAP.
Orgulhosa desse passado, a instituição não descura, no entanto, o presente e o futuro, mantendo intacta a sua capacidade de regeneração e intervenção. Como Câmara de Comércio e Indústria, oferece um conjunto de serviços relevantes para empresas e particulares, como a certificação, o apoio à exportação ou o notariado. Preserva a sua função jurisdicional, com um centro de arbitragem voluntária recentemente reforçado e renovado. Recuperou um órgão consultivo, com o título de Senado do Porto, onde se discutem os grandes temas da região. E continua a contribuir ativamente para várias causas locais, como é exemplo o apoio às obras de cobertura do Coliseu do Porto.
Mais relevante de tudo isto, no entanto, é que se mantém uma instituição viva e dinâmica, aberta à cooperação com outras entidades e a um trabalho em rede que é fundamental para o Porto e o Norte prosperarem. Foram assim os primeiros 190 anos, serão certamente assim os seguintes.