Adepto do centenário Sheffield United, da segunda liga inglesa, John Heeley é um reputado académico com extensa obra publicada. Conhece o Futebol Clube do Porto, gosta de brindar com Porto e veio ao Porto, esta semana, para uma conferência sobre as cidades do futuro. Mas já volto a ele. É hoje lugar-comum dizer que o século XXI é o século das cidades, e competir é a palavra-chave do economês corrente.
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No futuro, já agora, a competição será cada vez menos entre estados ou empresas, para ser cada vez mais entre cidades. E serão mais competitivas as cidades que souberem atrair mais inteligência, mais competências, num ambiente amigável que atraia talentos e inovação. E também turistas.
Ora, falando de turistas que nos visitam, 2014 foi o melhor ano de sempre: a receita do que deixaram representa 15% das exportações nacionais e atingiu mais de 10 mil milhões de euros, ajudando a pagar 80% do nosso défice comercial.
São resultados que se devem a todos os que operam no turismo e hotelaria, incluindo as companhias low-cost. Mas são, também, os primeiros de um novo tipo de promoção que Porto e Lisboa começaram a fazer, utilizando as redes sociais e trazendo jornalistas estrangeiros a Portugal, em detrimento das grandes campanhas mediáticas que vendem sol e praia.
Para consolidar esta tendência há que apostar em múltiplas formas de promoção, sem esquecer a melhoria incessante da qualidade do atendimento, dos táxis aos restaurantes e aos hotéis. Quem é bem tratado nunca esquece e volta sempre - ou recomenda.
Ora, John Heeley não conhece Lisboa, nunca visitou Portugal e veio pela primeira vez ao Porto - pago e de fugida. Acontece que ele é, há mais de 40 anos, um dos "ai Jesus" da doutrina na área da promoção de destinos urbanos, e também diretor da Best Destination Marketing. Perguntei--lhe por que nunca tinha vindo. Respondeu-me (à atenção do doutor Pires de Lima) que talvez devamos repensar como promovemos lá fora as nossas cidades enquanto destinos e produtos turísticos. "Sabe, a vida é curta, cidades há muitas, e vocês ...não têm sabido dar-se a conhecer".