Aproveitando a habitual desculpa da silly season, sai hoje uma crónica que sendo séria, como todas as que o JN merece, tem como característica secundária a pretensão de algum divertimento e alguma ligeireza. Ou não fosse ela sobre batoteiros.
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Desde muito novo que conheço perfeitamente as diferenças entre um batateiro e um batoteiro. O primeiro é uma pessoa séria, que tem um trabalho esforçado em prol do bem comum e da sua sobrevivência. O segundo é uma pessoa que tem um trabalho esforçado em proveito próprio, mandando às malvas toda e qualquer seriedade.
Não sei se por defeito de fabrico (leia-se educação paternal) se por ter sempre escapado a esse "vírus" (como também tenho escapado da covid até à data) a verdade é que me posso gabar de gostar muito de vários tipos de jogos e de vários tipos de apostas, onde já tive algumas vitórias e muitas derrotas, mas sem nunca recorrer à batota.
Nos tempos de estudante, eram as cartas e os dados (da sueca ao bridge, passando pelo king, pela lerpa e pelo póquer), e depois o básquete, o futebol, o ténis, o squash e agora o golfe. Tenho a certeza de que não faltarão testemunhas entre os muitos que me ganharam ou os que comigo perderam para atestar o que aqui escrevo.
Hoje, como ontem, tenho pena dos batoteiros. Um batoteiro, mais do que enganar os outros, não consegue perceber que se está a enganar a si próprio. Desta forma, um batoteiro é uma espécie de suicida light. Como é evidente, as batotas e os batoteiros existem em graus muito variados e implicando consequências muito diversas. Como é evidente, fazer batota num jogo de futebol oficial, recorrendo a um árbitro ou a um VAR que é batoteiro, é muito pior e muito mais grave do que fazer batota ou ser um batoteiro num inocente torneio de golfe entre amigos. Num caso são muitos os prejudicados e podem ser milhões de euros os dinheiros envolvidos. Já na batota golfística são infinitamente menos os aldrabados e a expressão financeira da batota é ínfima.
Não sei se é defeito ou se é só feitio, mas não consigo evitar repugnância igual pela batota em si , independentemente do número de vítimas e do valor em causa.
Quando por azar tropeço num batoteiro, tipo Boris Johnson da vida, "hasta la vista baby" é sempre o que me apetece dizer-lhe. Porque a batota não é uma coisa catita.
*Empresário