Corpo do artigo
Pontos finais. O campeonato afunila e o F. C. Porto encontra-se agora numa encruzilhada com o horizonte europeu à vista. A vitória sobre o Moreirense e o tropeção do Braga, em casa, elevaram os dragões ao terceiro lugar – uma posição que vale mais do que parece: significa descanso, estabilidade e evitar os espinhos de uma pré-eliminatória da Liga Europa em pleno verão, quando o Mundial de Clubes já espreita no calendário. O caminho que resta é curto, mas sinuoso. Boavista no Bessa, Nacional no adeus. Duas finais, dois testes de carácter. Do outro lado, o Braga ainda tem de enfrentar o Casa Pia e o Benfica – e a corda parece mais esticada do lado arsenalista. Mas tudo pode mudar num domingo qualquer, num golo caído de um ressalto ou num erro nascido do nervosismo. No Dragão, o susto foi velho conhecido: uma defesa que se desfaz ao mínimo sopro, apanhada desprevenida, quase distraída, como quem olha o mar sem perceber a força da onda. Mas, entre fragilidades e incertezas, emergiu a vontade. Um empate arrancado à beira do intervalo, um penálti que trouxe alívio e um Samu a reencontrar o caminho da baliza – tudo sinais de que, mesmo aos solavancos, ainda há pulso neste corpo. E, finalmente, justiça táctica: Eustáquio liberto do papel que nunca foi seu, como um actor que finalmente deixa o drama alheio e reencontra o terreno onde brilha. Há também novos nomes que sussurram futuro. Tomás Pérez, argentino de 19 anos, entrou em campo com a leveza dos que ainda não têm medo, mas com a maturidade de quem vê mais do que os outros. Pena que, agora, só restem duas páginas por escrever.
*Adepto do F. C. Porto