Muito se tem falado em bolhas nos últimos tempos, principalmente desde o início do ano letivo.
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O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, foi o primeiro a adotar esta designação como combate à covid nas escolas. A verdade é que a maior bolha de todas - com possibilidades de rebentar a qualquer momento - tem a ver com a economia familiar.
A extensão das moratórias de crédito às famílias e às empresas até setembro do próximo ano são uma gigantesca bolha. Aliás, uma enorme bola de sabão que, como se sabe, rebenta sempre, mais tarde ou mais cedo. Numa primeira fase, é bom para as empresas, para as famílias e até para os bancos.
Mais, até é perfeito para o Governo de António Costa, que tenta evitar uma queda abrupta do consumo privado, do investimento e das exportações. A bolha criada pela extensão das moratórias de crédito têm vários objetivos e todos eles vão no sentido de ganhar tempo para reagir. Seja através da esperada "bazuca" de dinheiro que será injetada no país por Bruxelas ou na melhoria da pandemia a nível global, principalmente na descoberta de uma vacina que dê confiança a todos.
No fundo, a intenção é que o país esteja mais preparado quando a bola de sabão rebentar. Ou seja, quando as famílias e empresas tiverem de assumir os seus compromissos junto dos bancos. A crise virá sempre, mas com a diferença de ser contornável com o menor dos danos possíveis ou a pior catástrofe de que há memória. Neste momento, as famílias e empresas ganham algum fôlego, os bancos deixam de ganhar dinheiro nos juros e os políticos vão gerindo os parcos recursos.
O reverso da moeda seria mais negro do que aconteceu quando Portugal esteve sob resgate da troika. Empresas abririam falência imediatamente, deixando na rua milhares de trabalhadores e muitas famílias entregariam a sua casa aos bancos. Os bancos acumulariam perdas nos empréstimos às empresas - as chamadas imparidades - e acumulariam ainda mais imóveis do que no tempo da troika. E apesar de tudo, a economia está a cair a pique...
*Editor-executivo