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Esta é a inscrição que se pode ler nas portas das várias entradas fortificadas da maior cidade abaluartada terrestre: Elvas, recentemente elevada a Património da Humanidade.
Espantosa sob o sol inclemente, relembra-nos a luta constante dos portugueses da raia contra o inimigo castelhano, estremenho ou andaluz.
Por defender um território aberto de relativamente fácil acesso, concitou desde sempre avultado investimento, hoje orgulhosamente preservado nas muralhas em forma de estrela e nos vários fortes e fortins que compõem o seu sistema defensivo.
Está em recuperação acelerada, o último destes exemplares. Chama-se Forte da Graça, está já fora das muralhas, em frente da cidade, foi construído pelo conde de Lippe no século XVIII e serviu de prisão militar até ao final do Estado Novo.
Tome-se a descrição como incentivo à visita: "O forte é uma obra-prima da arquitectura militar europeia do século XVIII, tanto pela originalidade das soluções aí apresentadas, como pela sua monumentalidade. É constituído por três linhas de defesa. A obra mais exterior consta de um caminho coberto, defendido por canhoeiras, um hornaveque (do alemão hornwerk), composto por dois meios-baluartes ligados por uma cortina, e por um fosso seco, com 10 metros de largo. Segue-se uma estrutura quadrangular com 150 m de lado, com quatro baluartes nos vértices. Os panos de muralha, ou cortinas, são cobertos por revelins e rasgados pela porta principal, denominada Porta do Dragão, a Sul, e por "portas posteriors" ou poternas, protegidas por canhoeiras. Entre as cortinas e o segundo fosso desenvolvem-se inúmeras dependências, incluindo casernas e outras edificações. O reduto propriamente dito é uma torre de planta octogonal, com pisos abobadados, constando de capela no piso térreo e Casa do Governador nos pisos nobres. Por baixo da capela existe uma notável cisterna. O reduto é defendido por três ordens de baterias em casamatas, com canhoneiras".
Mobilizou 4000 homens e demorou 30 anos a construir. Hoje emprega mais de 200 trabalhadores, num investimento de cerca de seis milhões de euros.
Mas é sobretudo uma escolha que representa em Elvas e noutros lugares uma das novas chaves do reino: a preservação corajosa do património, base de uma nova atividade económica, hipótese de um novo povoamento e, ainda mais fundamental, gatilho para uma imperativa tomada de consciência individual e coletiva do percurso histórico que nos moldou.
*ANALISTA FINANCEIRA