O capitão M. não hesitou, apesar de todo o treino e precauções. Tocou no ecrã do portátil, descarregou os ficheiros, e reenviou-os para dois camaradas da unidade X, em manobras no Kuwait. Começava o pesadelo informático da Operação "Buckshot Yankee": vírus auto-reprodutores, oriundos do Médio Oriente, contaminaram as forças armadas americanas, até ao fim de 2008.
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Dois anos depois, explode o vírus "Stuxnet", a contaminar dezenas de milhares de utilizadores iranianos, nomeadamente controladores industriais, incluindo no cerne do programa nuclear. Israel vê-se logo sob suspeita, depois da identificação do código "Myrtus".
Para os mais cultos dos paranóicos, é uma referência ao bíblico Livro de Ester, referindo um ataque "preventivo" dos antigos hebreus, face à ameaça do império persa. Mas "Myrtus" pode simplesmente significar "My-Remote Terminal Unit", programa um dia investigado pela Motorola.
A verdade, porém, é que a ciberguerra está entre nós.
Os mais pessimistas falam na possibilidade de piratas privados, uma organização criminosa global, ou estados e os seus agentes, desarticularem aeroportos, hospitais, fábricas e barragens, países inteiros.
Os EUA, claro, preparam-se há cerca de uma década para esta "quinta dimensão" militar, e há um novo comando NATO na forja. K. Alexander, B. McCullough, G. Flynn, R. Hernandez e R. Weber, pouco conhecidos fora do clã cibernético, comandam organizações e entidades enormes mas discretas, como a 10.ª Esquadra, ou a 24.ª Força Aérea. Na China, na Rússia, na Índia, no Paquistão, unidades semelhantes deparam-se com um campo de batalha potencial de triliões de inimigos, alvos, vítimas ou simples usuários.
E em Israel, servida pelos novos meninos-prodígio da informática, cresce a Unidade 8200.
É a "Shmome Mataym", dos serviços secretos militares (Aman) dirigida por "Benny", ex-comando, hoje respeitável brigadeiro de menos de 50 anos.
Com o centro de processamento do LOTEM, e sobretudo as antenas, sensores e supercomputadores da base de Urim, no deserto do Negev, disputa o controlo de uma nova classe de combatentes.
Estes podem limitar-se a ver televisão e ouvir rádio, como na unidade Hatzav, especialista em "fontes abertas". Mas são capazes de coisas bastante mais radicais.
Do outro lado, há iguais gladiadores à espreita.
Aliás, onde está o "outro lado"?