A diferença que faz quem faz a diferença... faz toda a diferença.
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A globalização é "boring". Assim em inglês de propósito porque se a globalização conseguisse tudo o que quer já falávamos todos em inglês. Como acontece com tudo nesta vida também a globalização tem coisas boas e más. A pior das más é esta intenção cada vez mais globalizada de acabar com as diferenças. Querer tornar tudo igual, standard. Num primeiro momento e à primeira vista e falando só de pessoas, essa epopeia utópica de ficarmos um dia todos iguais até parece um objetivo merecedor de aplauso unânime. Unânime? Logo aqui é obrigatório desconfiar. A unanimidade anuncia sempre calamidade.
Hoje que sabemos que até os gémeos verdadeiros são falsos, no sentido de que nunca são rigorosamente gémeos em tudo o que são, devíamos continuar a saber aceitar, mas especialmente elogiar, a diferença. Apesar de abominar a globalização do consumo que está a tentar destruir as diferenças entre os consumidores, as regiões, os países e os continentes, o efeito da globalização que mais me incomoda é a disseminação do fenómeno da adesão em massa à moda das ideias e conceitos que estão na moda.
"Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta" é um verso de uma das minhas canções preferidas do brasileiro Chico Buarque de Holanda. Estou convencido que nos dias de hoje Chico Buarque teria muita dificuldade em escrever ou cantar este verso, mas o que tenho a certeza é que mais dia, menos dia , ainda vamos ter uma petição a circular na Internet para boicotar esta música, se calhar até todos os discos dele e se não houver um arrependido pedido de desculpas, quem sabe se até Chico Buarque depois de tudo o que faz e nos fez, depois de tudo o que nos deu e nos deixou, ainda vai acabar na lista negra.
Ai, nem sei se possa escrever lista negra. Convém começarmos todos já a pensar a que nova cor podemos associar uma lista de pessoas de que não gostamos ou que queremos ver longe de nós. No meu caso, por exemplo, tenho uma lista negra de caloteiros, outra lista negra de ingratos, mais uma lista negra de chatos e já tomei a decisão que uma das minhas primeiras medidas de 2021 vai ser pintar todas estas listas de cores diferentes. Bem vistas as coisas, também é mesmo de um arco-íris que estamos a precisar como sinal de esperança na mudança do ano. Calma. Dizem-me aqui ao lado que o arco-íris também tem uma conotação que para alguns pode ser mal-entendida. E se a cor do burro quando foge? Os do PAN não devem gostar... Ainda bem que esgotaram os carateres que o JN me dá, porque agora é que estava a ver a coisa mesmo...
*Empresário