Luaty Beirão. Lembra-se, Catarina Martins? E dos restantes 16 ativistas presos em Angola? Até há pouco não poupava nas palavras, nem nos adjetivos. Mas quando a Esquerda se fez poder, calou. Em outubro, na Casa do Alentejo, repudiava a "vergonhosa posição do Governo português de achar que está a defender algum interesse quando está a esconder o abuso, a prepotência, a existência de presos políticos".
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E na Assembleia da República não tinha dúvidas. "Quem no nosso país calar sobre o que está a acontecer em Angola com estes ativistas pela liberdade é cúmplice de um atentado aos direitos humanos, é cúmplice da existência de presos políticos num país com o qual Portugal tem tantas relações".
Então e agora?
O Governo socialista - seu, leia-se - que sobre o tema diz nada, passou a cúmplice de coisa nenhuma? E os presos deixaram de ser políticos?
Onde para a t-shirt branca - uma daquelas que dizia "liberdade já" (recorda?) - que nunca mais vi vestida, nem sequer numa das reuniões de terça-feira com o PS, o tal do "acordo sólido" que respeita as "linhas vermelhas" do BE?
Caso não tenha percebido, Francisca Van Dunem é magistrada, é ministra da Justiça do Governo de António Costa e veja lá, até é cidadã luso-angolana, condição impossível aos ministros do Governo precedente a quem, não obstante, acusou de tudo. Uma dica: fale com João Soares.
Bem sei que pelo caminho se entreteve com o fim dos exames nacionais. Foi preciso tempo e imaginação para chegar à conclusão de que se tivesse de escolher entre ser operada por um cirurgião que em vez de testado tivesse sido feliz na escola, optaria por um que tivesse sido feliz. Chamou-lhe a "exigência da gargalhada". E disse-o sem se rir, facto notável, apesar de atriz.
O problema é que tendo ascendente sobre este PS, que mantém refém no seu estado de necessidade, conseguiu impor o critério a quaisquer outras pessoas que de futuro queiram escolher um cirurgião na base da exigência que só pode ser aferida por exames, em vez da queda para a comédia.
A propósito: o Bloco de Esquerda prometeu no Porto que defenderia a legalização da canábis na atual legislatura. Foram distribuídos úteis postais que traziam filtros destacáveis onde se lia "proibido proibir". E Catarina Martins dissertou sobre as virtudes dos "clubes de cultivo".
Será por isso de prever que a coisa prometa. Fim dos exames para felicidade dos alunos e um "fuminho" legal de canábis elevarão, talvez, as agruras das somas e das multiplicações a um patamar superior. E então, sim. Ficará atingida a suprema metodologia da risota total.