Corpo do artigo
É possível ver, no YouTube, um pequeno filme elucidativo do estado de degradação a que chegámos em termos de vida política. Nesse filme vê-se Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, à porta de uma empresa em contacto com trabalhadores e, depois, a falar a jornalistas. Explica que a sua presença se deve ao facto de o PCP ter apresentado um projeto procurando reduzir ao verdadeiramente necessário o trabalho contínuo ou por turnos - que envolve cerca de metade dos trabalhadores ativos, o que, convenhamos, é um verdadeiro exagero com consequências negativas evidentes na vida de quem tem de assim trabalhar e na das suas famílias. Os jornalistas não fazem qualquer pergunta sobre o tema, questionando Raimundo sobre uma conversa privada, gravada à má fila, entre as mais altas figuras de Estado. Raimundo, com a sua simplicidade, pede desculpa pela resposta que vai dar, mas considera que esse episódio não merece a relevância que lhe estão a dar, ao mesmo tempo que se "esquecem" de falar das coisas que verdadeiramente afetam os portugueses. Não satisfeitos, os jornalistas colocam a questão, mais duas vezes, com palavras diferentes, tendo Raimundo aproveitado para chamar a atenção para outras questões que afetam a vida das pessoas. Resultado? As suas declarações não saíram na generalidade dos órgãos de Comunicação Social - nem nos poucos presentes, nem na maioria, ausente......
Hoje é isto a que assistimos: a política feita de episódios acessórios, cavalgados até à exaustão por forças políticas e explorados até à náusea por uma Comunicação Social que acha que o "sangue" vende. Silenciando quem rema contra a maré e adormecendo-nos sobre os reais problemas do país e das pessoas e sobre quem faz propostas que visam resolvê-los. O que descredibiliza ainda mais o regime democrático, pondo-o à mercê de quem o quer destruir......
*Deputado municipal