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O Movimento de Rui Moreira, que gere a cidade há quase 12 anos, apresenta sinais evidentes de desagregação. Previsíveis, em final de mandato e quando se sabe que Rui Moreira não se pode recandidatar, mas a uma velocidade e com uma dimensão que nem os mais pessimistas esperariam.
Rui Moreira deixou-se iludir por Montenegro e foi enxovalhado aquando das eleições para o Parlamento Europeu, em junho. Depois de se ter despedido da Câmara no seu monólogo televisivo semanal - o “desafio” seguinte era ser o cabeça de lista da AD - viu-se preterido, à última hora, por um imberbe Bugalho, sendo lógico que não poderia aceitar ser o seu número dois...…
Mas este descomprometimento com a Câmara e a com a cidade do Porto deu um sinal à sua equipa: “agora é cada um por si!”. E, nos últimos tempos, é isso que tem acontecido. Relações cortadas entre vereadores do seu movimento; renúncia ao mandato por parte de outro; o CDS, por intermédio de outra vereadora, a demarcar-se da intenção do vice-presidente de se apresentar a eleições como candidato a presidente da Câmara. A tudo temos assistido, perante a apatia de Rui Moreira que, nitidamente, já pensa noutras paragens.
É evidente que todo este processo decorre do reposicionamento da Direita (IL e CDS apoiaram Moreira e o PSD é a sua atual muleta), que não acredita que haja Movimento Rui Moreira sem… Rui Moreira.
Naturalmente que este reposicionamento apenas demonstra, para os seus protagonistas, que os interesses partidários estão à frente dos interesses da cidade e que o movimento “independente” apenas foi jogada tática. Mas o que nos deve deixar apreensivos é o seu impacto no tempo que falta até ao final do mandato. Porque, com a apresentação das diversas candidaturas e com os eleitos do movimento de Rui Moreira a dividirem-se por cada uma delas, o ambiente ficará cada vez mais pesado e ingerível. Sendo que as demissões na Câmara, com a entrada de vereadores inexperientes a nove meses do final do mandato, provocarão mais confusão e uma ainda maior inação. Situação que se agravará se Rui Moreira, como se prevê, deixar a Câmara antes do final do mandato... Pelo que urge um ainda maior escrutínio da atividade municipal.