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Os avanços tecnológicos, que se sucedem a um ritmo vertiginoso, estão entre as grandes preocupações do Papa desde o início do seu pontificado. No dia seguinte à eleição, no primeiro encontro com os cardeais, Leão XIV explicou que escolheu o nome "Leão" por ver semelhanças entre o nosso tempo e o final do século XIX, quando Leão XIII enfrentou os desafios da primeira grande revolução industrial.
Se então a Igreja foi chamada a abordar a questão social, hoje é desafiada a "responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial (IA), que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho", afirmou então o Papa aos cardeais. Leão XIV reconhece "que o desenvolvimento tecnológico trouxe, e continua a trazer, benefícios significativos para a humanidade, particularmente nos campos da medicina e da saúde". Escreveu-o numa mensagem dirigida aos participantes num congresso internacional, subordinado ao tema "IA e medicina: o desafio da dignidade humana", que hoje se conclui em Roma.
Ainda assim, o Papa advertiu que, "para garantir um verdadeiro progresso, é imperativo que a dignidade humana e o bem comum continuem a ser prioridades sólidas para todos, tanto para os indivíduos como para as entidades públicas".
Os desafios colocados por esta nova revolução tecnológica - e, em particular, pela evolução acelerada da IA - exigem da Igreja lucidez para acolher as suas potencialidades e espírito crítico para discernir os seus riscos. A Igreja é chamada de novo a propor a sua doutrina social em defesa da dignidade humana e do bem comum, frequentemente ameaçados pela lógica do lucro que tende a marcar estes períodos de profundas transformações.
É nessa atitude que Leão XIV se vai posicionando. Anuncia-se uma encíclica que trate estes desafios.

